A última quarta-feira (13/01) trouxe uma notícia bastante esperada e muito importante para o mercado de Seguros do Brasil: a confirmação da permanência de Roberto Westenberger no comando da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A oficialização veio através de nota do Ministério da Fazenda e agradou profissionais e entidades do setor. Westenberger inclusive já se reuniu com o recém empossado ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para discutir prioridades para o órgão.
Em entrevista exclusiva ao Seguro Gaúcho, o Superintendente da Susep faz um balanço das ações realizadas em 2014 e revela os planos do órgão para 2015. Confira!
Seguro Gaúcho: Quais foram os principais desafios que o senhor encontrou ao assumir a superintendência da Susep
Roberto Westenberger: O principal desafio na Susep chama-se RH (Recursos Humanos). Na realidade, a Susep tem um corpo de servidores da mais alta qualidade, que estavam claramente desmotivados, por diversas razões, mas certamente uma das quais era a rotatividade constante. Uma das prioridades na minha gestão é trabalhar por um modelo futuro na Susep que você tenha essa rotatividade sob controle. Mas, de fato, o maior desafio foi encontrar formas de motivar esses servidores, o que eu acredito que tenha conseguido. Hoje, a Susep obteve muito mais realizações do que o mais otimista dos gestores poderia pensar, e tudo graças a essa qualidade.
Seguro Gaúcho: De que maneira a tecnologia pode ajudar a Susep a desenvolver um trabalho mais eficiente
Roberto Westenberger: Totalmente. A Susep vai implementar algo que, na falta de um nome mais apropriado, vamos chamar de Supervisão Eletrônia, que será uma supervisão à distância, porém feita com uso intensivo de bases de dados, não só as bases advindas do mercado supervisionado, mas todas as bases que apresentem dados que possam ser correlacionados ou indicadores de uma situação preocupante em uma empresa supervisionada. A Susep vai fazer uso intensivo dessa tecnologia e pra isso ela dispõe, aí sim, de recursos humanos, do qualidade do servidor do órgão, e também de investimentos que a gente colocará dentro de uma perspectiva de orçamento do governo.
Seguro Gaúcho: Como fazer o mercado de Seguros ter uma maior participação, como ocorre em outros países?
Roberto Westenberger: É uma questão que pode ser muito fácil ou muito difícil de responder. Então, vamos pelo lado mais fácil. Se você comparar a economia do Brasil ao mercado de Seguros, você verá que a sociedade esta devendo ao mercado. Tem áreas que necessitam o Seguro e que não estão preenchidas ainda. Isso demandando pouco esforço do mercado, porque são produtos já existentes. Talvez seja preciso mexer apenas na forma de distribuí-los, de acessar, de atingir esse consumidor. Talvez precisemos dar um tratamento ao produto, de modo que fique mais adaptável a uma necessidade do consumidor. Então, nós temos um mercado, que eu chamaria de residual, ainda a preencher, o que, de certa forma, facilita a nossa função. Não obstante isso, temos áreas em que estamos trabalhando na Susep, sob a forma do que eu chamo de laboratório de produtos, e nas quais nós temos a intenção de identificar nichos que requeram produtos de seguros que ainda não estejam ainda sendo oferecidos pelas seguradoras. A Susep trabalhará intensivamente como facilitadora para o desenvolvimento desses produtos.
Seguro Gaúcho: O senhor acredita que a Susep demorou a intervir na Confiança Companhia de Seguros?
Roberto Westenberger: Na minha gestão, não. Eu diria que a intervenção foi até rápida, porque a intervenção tem uma lentidão natural, porque precisa ser um processo feito com todo cuidado. Uma decisão de direção fiscal só pode ser tomada depois de consideradas todas as possibilidades, todas as hipóteses alternativas. Então, é um processo de decisão relativamente longo e também, evidentemente, exige uma blindagem jurídica porque é um procedimento de uma intervenção que vai gerar o atingimento de diversos interesses e, por causa disso, a Susep precisa estar com uma blindagem jurídica. A somatória destes componentes toma tempo, mas não um tempo irrazoável. Eu até entendo que a Susep tomou a decisão dentro de um tempo curto. Mas, eu digo, dentro da minha gestão. Antes não posso avaliar.
Seguro Gaúcho: Na sua opinião, falta capacitação aos profissionais do mercado de Seguros?
Roberto Westenberger: Até acho que sim, que falta capacitação. Mas isso é uma necessidade de qualquer setor econômico, de qualquer tipo de empresa, de qualquer tipo de instituição. O mercado de Seguros não é diferente e também necessita dessa capacitação, porém uma capacitação que tenha um componente mais específico, na medida em que a Susep está aderindo a uma forma de supervisão de seguradoras, que denominamos supervisão baseada em risco, e que determinadas transformações serão necessárias. Para isso, as capacitações vão ser também requeridas. Mas a Susep está trabalhando juntos aos orgãos encarregados pela formação no mercado de Seguros, como a Escola Nacional de Seguros e outros orgãos, no sentido de propiciar essa formação aos diversos players do mercado, incluindo seguradores e Corretores.