Violência, inflação e envelhecimento da frota estão entre razões do aumento
(Diferentemente do que foi publicado na versão anterior, o crescimento nas ocorrências de roubos e furtos de veículos em Santa Teresa foi de 54%)
RIO – Não durou muito a tendência de redução nos preços do seguro de automóveis no Rio. Se na comparação entre os meses de dezembro de 2013 e 2014 observava-se uma queda em diversos bairros, os preços neste início de ano assustam quem vai contratar uma apólice. Levantamento feito pelo site Bidu a pedido do GLOBO mostra que, em relação a dezembro do ano passado, os valores de fevereiro subiram em cinco de sete bairros pesquisados. Na Lapa, o aumento chega a 49,07%.
De acordo com representantes do setor, contribuem para a alta fatores como o aumento da violência — tanto em roubos e furtos como no trânsito —, o envelhecimento da frota, que leva ao encarecimento das peças de reposição, e a inflação do período.
O levantamento considerou como perfil básico um motorista do sexo masculino, 40 anos, casado, com garagem em casa e no trabalho, e com carteira de habilitação desde os 18 anos. O carro é um Gol quatro portas, 1.0, flex. Além da Lapa, estão pagando mais os moradores de Tijuca (12,23%), Barra (10,62%), Santa Teresa (4,32%) e Copacabana (3,34%). Observou-se redução nos valores apenas no Leblon e na Ilha do Governador, de 6,72% e 10,17%, respectivamente.
SEGURANÇA, FATOR CHAVE
Comparando-se os valores de dezembro de 2014 aos do mesmo mês de 2013, só Ilha e Leblon registraram alta: de 15,55% e 0,44%, respectivamente. Maurício Antunes, diretor de Marketing do Bidu, explica que o preço no seguro é composto por vários fatores e tem grande variação:
— Rio e São Paulo, como são cidades grandes, têm risco maior e grande variação bairro a bairro. Uma seguradora pode praticar preços diferentes em uma mesma região. Mas áreas mais seguras, como Leblon e Copacabana, têm valores mais baixos.
Em dezembro, reportagem do GLOBO com base em levantamento feito pelo mesmo site apontava redução no valor do seguro, frente ao mesmo período do ano anterior, em 16 de 20 endereços cariocas. O diretor de Auto e Massificados da SulAmérica, Eduardo Dal Ri, ressalta que é preciso considerar o cenário econômico brasileiro, que projeta inflação em torno de 7% e apenas 0,03% de crescimento do PIB:
— É inevitável que haja reflexo também no mercado de seguros, como, por exemplo, no custo para reparação dos veículos. Contudo, não podemos isolar e justificar o aumento exclusivamente através desses indicadores. Alguns índices, como o aumento de roubos e furtos, também podem influenciar o preço final.
PEÇAS ENCARECEM APÓLICE
Santa Teresa, que segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou aumento de 54% no número de roubos e furtos de veículos na comparação entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014 (de 11 para 17 casos), viu o preço do seguro subir 4,32% este mês em relação ao fim do ano passado. Na Tijuca, onde houve alta de 31% em roubos e furtos de veículos na mesma comparação (de 32 para 42 ocorrências), o valor da apólice cresceu 12,23% nos últimos dois meses.
Esses dados compõem o chamado índice de sinistralidade, explica o corretor Elias dos Santos Vidal. Morador de Niterói, ele acabou optando por trocar de seguradora para reduzir seus gastos, elevados pela inclusão de seu filho na apólice. Ainda assim, pagou 33% a mais na renovação:
— Algumas cidades antes consideradas como interior e, por isso, mais baratas, hoje equivalem à capital. É o caso de Niterói.
Segundo o diretor executivo da Confederação nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), Neival Rodrigues Freitas, pesam ainda a redução na vendas dos veículos novos e o consequente envelhecimento da frota.
— Existe uma pressão no preço das peças de reposição em relação ao ano passado, o que encarece as indenizações de perdas parciais — explica. (Colaborou Luiz Ernesto Magalhães)