Os executivos reunidos no 4o. Encontro de Resseguros, realizado entre 14 e 15 de abril no Rio de Janeiro, com apoio da CNseg, admitem que as investigações sobre o esquema de propina entre Petrobrás e empreiteiras revelado pela Operação Lava Jato têm levado a uma redução de contratos de risco de engenharia e de garantia de grandes obras, bem como a um aumento de sinistros e indenizações por problemas na entrega de obras e serviços. Paulo Pereira, presidente da Fenaber, afirma as investigações e o ajuste econômico, que causará recessão, farão com que o setor de resseguros, que vinha crescendo desde 2008 a uma taxa de dois dígitos, avance agora em um dígito, com projeção entre 5% e 6% neste ano. “Deixamos o crescimento de dois dígitos para um dígito devido ao ajuste econômico, a falta de investimentos e as consequências da Lava Jato, que emperram contratos que com as principais construtoras do país citadas nas investigações”.
Quanto as indenizações que as ressegudoras estimam pagar em consequência da Lava Jato, o impacto deve afetar os nichos de garantia e de D&O. “Vale lembrar que fraude não tem cobertura. Já em garantia, as resseguardoras estão levantando suas posições em obras paralisadas por falta de repasse de verbas para mensurar possíveis perdas”, disse Pereira, da Fenaber. Segundo declarou José Cardoso, vice presidente do IRB Brasil Re, à Agência Estado, esse é um cálculo difícil de se fazer e que dependerá dos desdobramentos a médio prazo.
De acordo com alguns resseguradores, conversas sobre fusões estão em curso entre resseguradoras mundialmente e também no Brasil, bem como alguns players estudam rever seus investimentos diante deste cenário recessivo e fazer desinvestimentos. O que não é o caso das duas maiores do mundo. Neste ano, grandes negociações já foram anunciadas, como a compra do Catlin pelo grupo XL, da Platinum pelo RenaissanceRe’s e AXIS Capital Holdings Limited e PartnerRe Ltd.
No Brasil, nesta semana tivemos a notícia de que a Travelers se tornou majoritária, com 95% do controle da seguradora de riscos patrimoniais da JMalucelli, na qual já era sócia. Também está em curso a negociação da carteira de grandes riscos da SulAmérica. No ano passado, a oferta da carteira de grandes riscos do Itaú gerou grande disputa, sendo arrematada pela ACE Seguradoras. Também há notícias de que o grupo britânico RSA está deixando o Brasil, segundo determinações dos acionistas mundiais.
A Munich Re, maior resseguradora do mundo, investe em equipe e nichos diferenciados por ser o Brasil um mercado potencial e a visão da companhia ser de longo prazo, segundo Rodrigo Belloube, CEO da operação brasileira da Munich Re, ao blog Sonho Seguro.
Segundo noticiou o Valor, Michel Liès, presidente mundial da Swiss Re, disse que a companhia quer crescer na área de seguros, o que inclui aquisições em mercados emergentes, depois de já estar consolidada no segmento de resseguros. No Brasil, segundo ele tem uma enorme oportunidade no setor de saúde. “Não queremos entrar na distribuição, mas podemos entrar na elaboração de produto, na experiência internacional. Uma solução para isso é comprar participações minoritárias”. O grupo tem uma participação minoritária na SulAmérica.