O brasileiro não utiliza
corretamente o plano de saúde. É o que revela um estudo conduzido
pela empresa de saúde AzimuteMed, entre maio de 2012 e abril de
2013, em uma carteira empresarial com 2.350 vidas (1.183 homens e
1.167 mulheres). Do total, 28.06% são titulares do plano de saúde e
o restante é dependente.
A companhia constatou que 13,55% da
carteira usam o plano de saúde de forma abusiva, o que gera um
sinistro anual por pessoa no valor de R$ 2.677,71, quando a média
do mercado gira em torno de R$ 906,96. Por outro lado,
13% não utilizam o plano, o que indica ausência de ações de
prevenção nesse grupo.
A alta sinistralidade também está
presente entre os doentes crônicos, portadores de doenças como
diabetes e hipertensão, e que representam 14% da população. A média
anual de gasto por vida gira em torno de R$ 2.480,42.
Nos três casos, são pessoas que não
sabem fazer uso racional do plano, ou seja, não tem fidelização a
um médico, não realizam consultas eletivas e exames de rotina,
atitudes que evitariam idas aos prontos atendimentos e até mesmo
internações.
“O mal uso encarece o plano de
saúde. As pessoas não compreendem e talvez nem se importem que o
plano pertence a uma grande comunidade e que a ação delas prejudica
o outro”, explica Luciana Lauretti, sócia da AzimuteMed e
especialista em gestão de saúde. Segundo a executiva, o problema é
cultural. “No Brasil, o foco está na doença e não na saúde.
Não há uso de recursos de saúde de forma preventiva e o brasileiro
de maneira geral ainda adoece sem qualquer tipo de prevenção”,
acrescenta.
No caso dos doentes crônicos, o
problema é ainda maior: é comum o paciente abandonar o tratamento.
Como consequência, a doença sai do controle e surge a necessidade
de ir ao pronto atendimento, com explosão dos custos e
deterioração da qualidade de vida.
Luciana explica que, para este
grupo de pessoas, é importante a conscientização a respeito da
doença, o que pode ser feito através de um programa de
monitoramento. “Ao cuidar de cada um deles de maneira diferenciada,
mostrando a importância de entender melhor sua doença e de tomar a
medicação correta, entre outras ações, o doente crônico passa a
fazer uso do plano de saúde de forma inteligente”.
Sinal de
alerta
O estudo da carteira revela ainda
que as pessoas não estão fazendo exames preventivos de patologias
oncológicas. Das 592 mulheres ativas elegíveis, entre 25 e 29 anos,
55,41% não efetuam o exame de prevenção de câncer de colo de útero.
Já entre as acima de 50 anos (175 vidas), 38,29% não fazem exames
de câncer de mama. Entre os homens (196 vidas), 46,43% não realizam
exame de próstata.
Não usar o plano de saúde é outro
problema. De acordo com a análise, cerca de 13% das vidas (123
homens e 56 mulheres) não fizeram uso do plano de saúde por um
período de dez meses ou mais. Deste total, pelo menos 47 vidas com
idade acima de 34 anos deveriam ter usado o benefício para ações de
prevenção (exames, consultas e check-ups).
Para mudar o cenário de mau uso do plano de saúde e da falta de
conscientização da prevenção, Luciana acredita que as pessoas
deveriam buscar um médico de confiança, profissional que possa
atendê-las nas horas críticas. Outra solução é recompensar quem se
cuida. Na opinião da executiva, o mercado deveria pensar em formas
de premiar aqueles que fazem bom uso do plano de saúde.
“No caso das operadoras, por
exemplo, deveriam dar descontos para quem realiza exames
preventivos. Já as empresas deveriam oferecer bônus aos
funcionários que têm boas condutas em relação a sua saúde”, conclui
ela.