O Índice de Confiança e
Expectativas do Setor de Seguros (ICSS), calculado a partir de
pesquisa realizada pela Fenacor, teve seu segundo aumento no ano,
fechando em 74,9% no mês de maio. Em abril, havia marcado 73,4%,
depois de registrar seu mais baixo percentual (68,8%) desde que foi
criado, em novembro de 2012.
Segundo o economista e consultor da
Fenacor, Francisco Galiza, o aumento do índice é um ligeiro reflexo
de medidas econômicas e políticas recentes. “As empresas têm
receio. A situação da economia continua difícil e não há como
mostrar-se altamente otimista”, analisa o executivo.
Trata-se de um aumento que ainda
não caracteriza uma tendência, mesmo com dois meses de avanço, após
meses de queda pesada. Por enquanto, segundo ele, pode-se dizer que
o índice está ainda sem trajetória definida.
Cada índice da tabela acima reflete
a visão de três segmentos do setor de seguros: seguradoras (ICES),
resseguradoras (ICER) e corretoras (ICGC). O índice é calculado de
0 a 200, em pesquisa com 100 companhias do setor.
Todos os valores subiram nas três
categorias. Destaque para o ICGC, das corretoras, que teve aumento
2,7 pontos. O ICER foi o menos significativo (0,3%). Mas, segundo
Galiza, variações de até três pontos são normais no atual panorama
do mercado de seguros. Novamente, ele diz que é preciso mais tempo
para ver a trajetória global.
Crescimento da economia:
piora para 72% das seguradoras
Para os próximos seis meses, mesmo
com o aumento do índice de confiança, os números mostram-se
pessimistas, em maio. 72% das seguradoras esperam um cenário pior
ou muito pior. O mesmo para 57% das corretoras e 61% das
resseguradoras.
Faturamento: expectativa de
estabilidade para a maioria
Quando a análise é sobre
faturamento, a expectativa mostra respostas indicando que se
mantenha igual ou melhor na maioria das empresas. 65% das
seguradoras; 57% das corretoras e 54% das resseguradoras esperam
não ter perdas financeiras ou alguma melhora, nos próximos seis
meses.
Para o presidente da Fenacor,
Armando Vergilio, estes dados mostram que o setor de seguros está
conseguindo resistir de maneira razoável ao atual cenário da
economia brasileira. “Movimentamos, em média, 4% do Produto Interno
Bruto (PIB) e somos investidores institucionais, devolvendo ao
mercado 85% do que é pago através de indenização, benefícios da
previdência complementar aberta e sorteios na capitalização. Ver
dados que apontam a expectativa de estabilidade de faturamento é
certamente positivo para o setor no futuro em empregos e novos
negócios”, ressalta Vergílio.
Rentabilidade: seguradoras acreditam em melhora no
futuro
Sobre a rentabilidade, mudança no
quadro em relação ao mês anterior. Enquanto em abril o otimismo
seguia em alta para 62% das seguradoras e 58% das corretoras, em
maio apenas as seguradoras têm opiniões positivas dos empresários
do setor: 63% acreditam em manutenção ou melhora. Esse percentual,
nas seguradoras, pode explicar o bom resultado do ICES nos dois
últimos meses (74,1 em abril; 75,5 em maio).
Para 52% das corretoras e 54% das
resseguradoras, os próximos seis meses terão piora em
rentabilidade. “As seguradoras têm reservas, que geram juros, coisa
que não acontece com as corretoras. Já as resseguradoras tiveram
melhores resultados em 2014 e podem estar sofrendo algum ajuste. Em
termos de rentabilidade, as seguradoras estão bem em 2015. Talvez a
avaliação da média dessas empresas com relação a esse fator esteja
pessimista demais”, explica Galiza.
ICSS: tempo de observação e
pessimismo
Há um ano, o ICSS marcou 86,3%, uma
diferença positiva em 11,2 pontos em relação aos atuais 74,9%.
Sobre uma possível projeção do melhor cenário ao final do semestre,
Galiza prefere não trabalhar com previsões. “Difícil dizer. Por
enquanto, a torcida é que a situação como um todo não piore. A
partir daí esperamos que o cenário comece, aos poucos, a melhorar
até o final do ano”, comenta ele, destacando que a palavra do
momento para o setor é esperança.
O pessimismo continua sendo a
tônica no setor. Por exemplo, há 14 meses (desde março de 2014) que
o ICES está abaixo de 100 pontos. Esse comportamento negativo é
influenciado principalmente pelo fator que mede a opinião dos
agentes quanto à evolução da economia brasileira nos próximos seis
meses, que continua com previsão desfavorável.