A Caixa Econômica
Federal confirmou
o adiamento da abertura de
capital da sua seguradora, a Caixa
Seguridade, conforme antecipou o Broadcast, serviço em
tempo real da Agência Estado, no início de setembro. A decisão,
segundo o banco, está ancorada no “momento atual do mercado” e o
martelo foi batido ao longo desta semana.
Os bancos envolvidos na operação já
haviam sugerido o adiamento com o respaldo de que uma oferta
pública de ações (IPO, na sigla em inglês) neste momento, de forte
aversão ao risco, significaria, na prática,
um grande desconto no valor da companhia. A previsão inicial era de
que o IPO ocorresse no fim de outubro e movimentasse R$ 10 bilhões,
segundo fontes. No entanto, se a oferta fosse levada adiante, no
atual ambiente, a cifra poderia cair para menos da metade, conforme
as mesmas fontes.
Antes mesmo da piora do cenário,
com a perda de selo de bom pagador do
Brasil pela Standard & Poor’s (S&P), o IPO da Caixa Seguridade
em outubro já estava em xeque visto que um atraso nas negociações
para renovação antecipada do contrato de exclusividade para a venda
de seguros com os sócios que controlam a companhia, a CNP
Assurances, havia comprometido a realização da operação nessa
janela, conforme antecipou o Broadcast. Os franceses chegaram a
ofertar R$ 10 bilhões para renovar o contrato de forma antecipada,
mas não atingiram um consenso com o banco público na forma de
pagamento.
No momento, há dois IPOs em análise
na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além de Caixa Seguridade,
o ressegurador IRB Brasil Re também
planejava sua oferta para este mês, mas a emissão
também foi adiada, segundo fontes. Neste caso, se o
mercado tiver uma melhora, a oferta poderá acontecer em dezembro,
última janela possível neste ano. As duas operações foram lançadas
no contexto do ajuste fiscal proposto
pelo governo e, com as postergações, são duas receitas
anteriormente contabilizadas para 2015 que podem não se
concretizar.
Os IPOs no Brasil são muito
dependentes de estrangeiros, que na média
histórica acabam ficando com cerca de 70% das ações ofertadas. No
entanto, como muitos players já dão como certo a
perda de mais um selo de bom pagador pelo Brasil, muitos
investidores com mandatos que restringem investimentos nessa
situação já começam a se posicionar para essa realidade.