Análise da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) – entidade representativa de operadoras de planos e seguros de assistência à saúde –, com base nas demonstrações contábeis que as operadoras enviam regularmente à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), aponta que, entre dezembro de 2014 e o mesmo mês em 2015, a taxa de crescimento da receita de contraprestações dos planos sofreu queda de 2,3 pontos percentuais, enquanto a despesa assistencial (composta por gastos com consultas, exames, internações, terapias e outros) também encolheu em 3,6 pontos percentuais. Em dezembro de 2014, o setor registrou aumento de 2,1% na base de beneficiários de planos de saúde, enquanto, no mesmo período de 2015, ocorreu contração de 1,9%. Portanto, todo esse quadro reflete, entre outros fatores, a deterioração da atividade econômica no país e, principalmente, a retração do mercado de trabalho formal e da renda nos últimos anos.
Outro ponto a destacar é que,
embora essas duas rubricas tenham sofrido redução de expansão em
2015, a receita dos planos no país cresceu ligeiramente acima da
despesa assistencial, alcançando um resultado mais equilibrado,
diferentemente do que vinha ocorrendo nos anos anteriores. Na
comparação com 2014, a receita de contraprestações aumentou 13,7%.
Já a despesa assistencial subiu 13,4% no período. Esse cenário pode
resultar de um ajustamento dos preços à realidade econômica ou na
gestão dos riscos assistenciais, por exemplo renegociando com
prestadores de serviços. Apesar disso, persiste a preocupação do
setor e da sociedade com fatores como a escalada sempre acentuada
dos custos, os elevados desperdícios no atendimento e a crescente
judicialização, entre outros aspectos que impulsionam a inflação
médica, com isso prejudicando o equilíbrio financeiro do
sistema.
Despesa assistencial fechou em R$ 121,5 bi, enquanto gastos totais
dos planos somaram R$ 147,5 bilhões
Em números absolutos, a despesa assistencial do mercado de planos
de saúde alcançou R$ 121,5 bilhões, em 2015. Já a receita de
contraprestações chegou ao montante de R$ 148,3 bilhões.
O gasto total do setor de Saúde
Suplementar – inclui despesas assistenciais, administrativas, de
comercialização e impostos – somou R$ 147,5 bilhões, crescendo
12,6% em 2015, na comparação com o ano anterior. Assim, o resultado
operacional foi positivo em R$ 0,8 bilhão, interrompendo série
consecutiva de margens negativas.
Gastos assistenciais impulsionam a sinistralidade para
81,9%
O crescimento das despesas assistenciais – influenciado por gastos
com consultas, exames e internações, entre outros – levou a
sinistralidade do setor para 81,9%. Considerando apenas as
operadoras do segmento médico-hospitalar (medicina de grupo,
cooperativa médica, seguradora especializada em saúde, filantropia
e autogestão), esse indicador registrou 82,1%.
O mercado de Saúde Suplementar constituiu mais de R$ 28,9 bilhões em provisões técnicas – posição até dezembro de 2015. Esse valor corresponde a 23,8% das despesas assistenciais do setor no ano. As provisões técnicas são o lastro financeiro que formam as garantias para os riscos assumidos pelas operadoras com beneficiários de seguros e planos e com os prestadores de serviços.
2015 em números:
Despesa total: aumentou 12,6% nos 12 meses terminados em dezembro
de 2015, ante a igual período encerrado em 2014, somando R$ 147,5
bilhões.
Despesa assistencial: cresceu 13,4% em 2015 na comparação com 2014,
totalizando R$ 121,5 bilhões.
Receita de contraprestações: expansão foi de 13,7% em 2015, na
comparação com o registrado em 2014, totalizando R$ 148,3
bilhões.
Sinistralidade: foi de 82,1% nos planos de assistência médica
(cooperativa médica, seguradora especializada em saúde e
cooperativa médica), nos 12 meses terminados em dezembro de 2015,
com redução de 0,6 p.p. na comparação com os 12 meses imediatamente
anteriores.
Resultado operacional: despesa total consumiu, em média, 99,5% da receita de contraprestações, em 2015. Dessa forma, o resultado operacional foi de R$ 0,8 bilhão.
Provisões técnicas: o mercado de Saúde Suplementar constituiu mais de R$ 28,9 bilhões em provisões técnicas (posição até dezembro de 2015).
Patrimônio Líquido: 84 operadoras apresentaram patrimônio líquido negativo no mercado de Saúde Suplementar, equivalente a R$ 2,2 bilhões.