No entanto, esta falta de financiamento não terá um grande impacto sobre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que serão realizados em agosto, declarou à AFP a porta-voz da OMS, Nyka Alexander.
A agência das Nações Unidas rejeitou na semana passada um recurso apresentado por 150 médicos em todo o mundo para uma mudança de data ou local dos próximos Jogos Olímpicos, uma vez que o Brasil é o mais afetado pelo surto de zika.
"Nossa maior preocupação é a saúde pública mundial. A cepa brasileira do zika vírus afeta a saúde de maneiras que a ciência nunca havia observado antes", disseram na carta médicos e pesquisadores das principais universidades do mundo.
A OMS estimou que mudar os Jogos não modificaria radicalmente os riscos de propagação do vírus no mundo, mas incentivou os atletas e visitantes a tomarem precauções extras para se proteger dos mosquitos vetores da epidemia.
A organização tem aconselhado as mulheres grávidas ou que planejam ter um bebê num futuro próximo a evitar viagens ao Brasil.
O vírus pode causar microcefalia fetal (malformação do crânio e desenvolvimento incompleto do cérebro), e doenças neurológicas em adultos, incluindo a síndrome de Guillain-Barré.
A OMS prestou assessoria técnica ao Ministério da Saúde do Brasil para enfrentar a crise de zika, que já contaminou um milhão e meio de pessoas no Brasil desde 2015, disse Alexander.
"A implementação das orientações da OMS é assegurada por outras fontes de financiamento, incluindo o governo brasileiro, e, portanto, os problemas orçamentários inerentes à ONU terão um impacto limitado sobre o curso dos Jogos Olímpicos", garantiu.
O orçamento do programa zika foi avaliado em 15,9 milhões de euros.
"Dito isto, é evidente que a capacidade da OMS para apoiar os sessenta países atualmente afetados pelo vírus zika - e aqueles que se prepararam para a chegada da epidemia - está seriamente comprometida, e assim continuará se outros parceiros da saúde não forem financiados de forma adequada", acrescentou o porta-voz.
Os principais focos da epidemia estão nos países da América do Sul. O plano regional contra o vírus, avaliado em 7,3 milhões de euros pela Organização Pan-Americana da Saúde, foi financiado até o momento em 20%, indicou a OMS em um relatório.