Mais de 16 mil pessoas deixaram de ter planos de assistência médica em Uberlândia, entre março do ano passado e março deste ano, o que significa uma queda de 6,73%. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Destes, 69,8% – o equivalente a 14,4 mil – perderam o benefício no primeiro trimestre de 2016. A redução na cidade está relacionada à extinção de uma modalidade de contratos da Unimed local, que atingiu 13 mil pessoas.
Em Minas Gerais, também houve decréscimo na carteira de clientes dos planos de assistência médica no mesmo período. O Estado apresentou diminuição de 214,6 mil beneficiários (3,95%). Já no País, 1,3 milhões de pessoas deixaram de ter acesso a convênios entre março de 2015 e março de 2015, o que representa uma redução de 2,65%. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa grupos de operadoras de planos privados, esta é a primeira redução do número de beneficiários desde início da série histórica da instituição. Segundo a entidade, a queda está relacionada à perda de postos de trabalho, uma vez que a maioria dos contratos encerrados era da modalidade empresarial.
Para o gerente de mercado da Unimed em Uberlândia, Alan Barbosa, o cancelamento de um subsegmento de planos provocou o desligamento de 13,9 mil beneficiários na cidade. A operadora assistencia, hoje, 108,6 mil pessoas em Uberlândia. “Foi uma estratégia da empresa descontinuar os contratos que não tinham mensalidade. O beneficiário pagava por procedimento. Mas isso acabava gerando ressarcimento ao SUS, porque muitos, mesmo com o convênio, utilizavam o sistema público de saúde e isso fazia com que a operadora tivesse que ressarcir esse custo, já que ele era beneficiário”, afirmou Barbosa.
O cinegrafista Cláudio da Costa Miranda foi demitido há dois meses e, desde então, está sem plano de saúde. “Na época, minha esposa descobriu uma infecção no colo do útero e estava começando o tratamento. Fiquei desempregado e ela não pôde retornar ao médico. Teve que recorrer ao SUS, refazer todos os exames, nem sabemos quando ficam prontos. Pode ser que não consigamos acompanhar o problema para tratar adequadamente”, disse Miranda.
Segundo ele, a esperança é ser contratado em uma empresa que ofereça plano de saúde coletivo. “Eu não consigo pagar particular, porque estou desempregado e depender da rede pública é muito difícil.”
Convênios odontológicos registram crescimento
Ao contrário dos planos de assistência médica, os convênios de assistência odontológica registraram aumento de 10,3% no número beneficiários em Uberlândia entre março de 2015 e março de 2016. O crescimento foi maior que o apresentado no Estado, que foi de 1%. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), o aumento está relacionado ao baixo custo de aquisição de um plano odontológico e às operadoras, que buscam novos clientes oferecendo produtos com ampla cobertura.
De acordo com o presidente de uma rede de planos odontológicos Ricardo Lourenço, no último ano, 23 mil novos clientes aderiram ao convênio. “O tratamento odontológico é caro e as pessoas têm começado a querer cuidar mais da saúde bucal. A maioria dos nossos beneficiários é de pequenas e médias empresas. O fato de oferecermos diversas opções de profissionais a custo acessível é um atrativo”, afirmou.
A biotecnóloga Giovanna Dias aderiu ao plano odontológico oferecido pela empresa em que trabalha em abril deste ano. “Nunca tive e achei que valheria a pena por causa do custo benefício. O preço é baixo e acredito que ele vai ser útil”, disse.
Unidades públicas devem ter aumento de demanda
Com o desligamento de mais de 16 mil beneficiários de convênios médicos em Uberlândia, o sistema público de saúde na cidade deve ter sua demanda por atendimentos aumentada nos próximos meses. A situação de procura crescente é verificada desde o ano passado, quando as Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) registraram aumento regular de cerca de 50%, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde.
Em nota, a assessoria da pasta atribuiu o crescimento às contínuas restrições no atendimento do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) – que voltou a restringir os procedimentos na última quarta-feira (1º) – e à dificuldade de vagas nas unidades de saúde convenidas, inclusive no setor privado. Também informou que a migração dos usuários dos planos de saúde para o atendimento no SUS representa um impacto direto no planejamento funcional das unidades de saúde, mas que “continuarão a disponibilizar toda a capacidade operacional que possuem no atendimento da população e que todos os pacientes classificados serão atendidos de acordo com os critérios que determinam o fluxo de atendimento nas urgências e emergências”.