Uma pesquisa da Proteste confirmou o que os clientes de planos de saúde já tinham descoberto. Está cada vez mais difícil encontrar planos individuais.
É muito conveniente para as operadoras. Elas empurram os planos coletivos, que têm reajuste livre.
E além de poder aumentar o plano coletivo no percentual que quiserem, as operadoras ainda podem cancelar o contrato, a qualquer momento, de forma unilateral.
A supervisora financeira Aline Oliveira tentou adquirir um plano de saúde individual, mas não encontrou um com a cobertura que queria e acabou ficando com um plano coletivo. “Os planos que apresentam individual, têm uma cobertura péssima, de hospitais, de exame, de laboratório, de médicos credenciados, quase não tem”, queixa-se
O problema que ela encontrou foi mapeado pela Proteste, uma associação de consumidores. A oferta de planos de saúde individuais ou familiares tem diminuído. Em 2014, a associação consultou 123 operadoras. Todas ofereciam planos individuais. Agora, foram consultadas 120 operadoras. E apenas 63% trabalham com planos individuais.
A reportagem do Bom Dia Brasil ligou para algumas empresas. Atendente: Não, individual não. Tenho empresarial e tenho através de profissão, que ele é feito através de entidades de classe.
Bom Dia Brasil: Individual não tem?
Atendente: Não temos, senhor Roberto.
Bom Dia Brasil: Por quê?
Atendente: Porque nós só trabalhamos com planos empresariais.
Os reajustes dos planos de saúde individuais são definidos pela ANS - a Agência Nacional de Saúde Suplementar. A ANS define um teto para o aumento e as empresas do setor têm que respeitar esse limite. Mas isso desagrada os planos de saúde.
A Abramge, uma associação de operadoras de planos de saúde, afirma que houve um desestímulo à comercialização de planos individuais e familiares por parte da própria ANS. E que o último reajuste autorizado, de 13,57%, ficou abaixo da variação dos custos médico-hospitalares que foi de 19,3%.
Outra associação de operadoras, a Fenasaúde, afirma que os planos individuais estão se tornando financeiramente insustentáveis.
Quando o Bom Dia Brasil encontrou um plano individual, não tinha atendimento em todo o país.
A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, diz que, há sete anos, mais de 50% dos planos individuais pesquisados tinham cobertura nacional. Hoje, o número não chega a 25%. “Tem que haver uma regulação, uma forma de trazer ali consumidor para esses planos, mas desde que as empresas tenham também um atrativo’, disse Maria Inês.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar esclarece que as operadoras não são obrigadas a ofertar todos os tipos de planos de saúde. Mas, se um plano é liberado para comercialização, a empresa não pode se recusar a vender.