Assumir um novo cargo em uma nova empresa já é um desafio. Em uma empresa que apresenta uma série de resultados negativos ao longo do ano e que tem o histórico de troca constante de seus dirigentes, a pressão é ainda maior. Mas isso não parece afetar a confiança de Henning Von Koss, novo CEO da Medial.
Com uma carreira desenvolvida na Bayer ao longo de 23 anos, e boa parte dela na vertical de saúde, o executivo viu na operadora uma oportunidade para trazer para o mercado o seu conhecimento. "Quis novos desafios e acredito que esse é um bom momento do mercado brasileiro. Muitas empresas estão se profissionalizando, saindo de uma gestão familiar, amadurecendo seus processos, apostando em governança. Tenho bagagem para contribuir com essas organizações e foi o que encontrei na Medial", pontua.
O discurso confiante e otimista se mantém mesmo diante de assuntos mais espinhosos. Entre eles os resultados decrescentes da empresa. No segundo trimestre, o Ebitda da operadora ficou negativo em R$ 37,7 milhões, e ela figurou na lista das 10 companhias de capital aberto de pior geração de caixa no primeiro trimestre, com resultado de R$ 42,87 milhões, de acordo com a consultora Economática. Para o novo CEO, o momento agora é de rever a organização e a operação dos negócios da Medial e reavaliar os investimentos. "A operadora, os hospitais e a área de diagnóstico funcionavam como unidades de negócio separadas. No caso da rede própria, que serve de insumo para a nossa operação, não faz muito sentido. Por isso estamos em fase de rever as estratégias de negócio", destaca.
No caso dos investimentos, o principal que está sendo feito é o do Hospital Alvorada Paulista e será mantido. "Vamos seguir com o projeto, mas reveremos alguns investimentos. Não vamos parar de investir, mas o faremos com mais qualidade, focando os resultados da companhia", aponta. O momento também é de aproximação com os parceiros, como corretoras e clientes corporativos. "Estamos conversando com cada um para buscar um consenso em valores e reajustes de um modo que a relação seja de ganha-ganha".
Todas as ações estão orientadas para os seguintes objetivos: obter rentabilidade verticalizada e sedimentar as operações da Medial. "Quero recuperar a confiança na Medial perante o mercado e voltar o trabalho para a sua essência, que é prover cuidado aos seus clientes", destaca.
Metas de crescimento e de rentabilidade ainda não foram apresentadas. A empresa divulga os resultados do trimestre no dia 13 de novembro. "Não posso falar em números, pois ainda estou em fase de ajustes e planejamento. Mas acredito que entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro de 2010 já teremos uma cursa de inflexão nos resultados e retomaremos o crescimento", aposta.
Especulação
Diante dos boatos que correm no mercado de que a Medial seria vendida, e de que até já haveria um processo de duo diligence com a Amil, Koss é enfático em afirmar que isso não passa de especulação. "Também falam sobre o Bradesco ser um possível comprador. O que sei é que o Conselho de Administração quer e defende a sustentabilidade e o crescimento dos negócios no modelo em que está. Isso não passa de especulação", finaliza. |