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Piora nos sinistros pressiona seguradoras

Fonte: O Estado de São Paulo via Sindseg-SP Data: 11 agosto 2016 Nenhum comentário

Aumento de furtos e roubos de veículos, de um lado, e do uso do seguro saúde em meio ao aumento do desemprego enfraqueceram resultados Por Aline Bronzati

As seguradoras entregaram mais um trimestre de resultados fracos em relação ao exercício anterior, como reflexo do aumento de sinistros e também de impostos. Com isso, a Porto Seguro viu seu lucro encolher e a BB Seguridade reviu para baixo sua projeção para 2016. O crescimento dos prêmios e receitas permaneceu em um dígito na maioria das companhias, mas a expectativa de melhora do ambiente econômico nos próximos meses deu um tom mais otimista em relação à segunda metade do ano.

No segundo trimestre, período do ano sazonalmente mais fraco para o setor, BB Seguridade e SulAmérica, controlada pela família Larragoiti, ainda conseguiram apresentar números em linha com as projeções de analistas. Na contramão, a Porto Seguro foi afetada por fatores climáticos, além de roubos e furtos que elevaram as ocorrências no seguro de automóvel, sua principal área de atuação.

A BB Seguridade conseguiu acelerar o crescimento do seu lucro no segundo trimestre em relação ao primeiro. Pesou, contudo, na análise do mercado, a revisão para baixo de suas projeções de crescimento. A companhia espera que seu lucro líquido ajustado cresça de 4% a 8% neste ano, e não mais de 8% a 12%. Como justificativa, além do desempenho de algumas linhas abaixo do esperado, mencionou ainda o aumento da contribuição sobre o lucro líquido (CSLL) e a majoração de PIS/Cofins a partir de março no seu braço de corretagem.

Agora, a BB Seguridade mira o centro da projeção para 2016, mas vê seu faturamento retomando a patamares históricos no próximo ano, em meio à melhora do ambiente para fazer negócios no Brasil. Werner Süffert, diretor de Gestão Corporativa e de Relações com Investidores da companhia, lembrou ainda que o resultado da holding teria sido bem maior não fosse o aumento dos impostos, na medida em que a companhia conseguiu ter boa performance em alguns segmentos, como em previdência, por exemplo, apesar de 2016 ser um ano ‘difícil’ e ‘atípico’.

‘Para o segundo semestre, esperamos impacto positivo do novo portfólio de seguro de vida e capitalização. Seguimos com foco em produtos de maior margem’, avaliou o diretor da BB Seguridade, em entrevista ao Broadcast, notícias em tempo real do Grupo Estado.

A Porto Seguro também prevê melhor desempenho na segunda metade do ano, quando a companhia deve buscar recomposição de resultado no seguro de automóvel, além do realinhamento de preços que já fez. Impactada pelo aumento de sinistros, tanto no seu principal ramo de atuação como no seguro saúde, a seguradora viu seu lucro diminuir quase 37% no segundo trimestre ante um ano, para cerca de R$ 173 milhões.

‘Já esperávamos algum aumento de sinistros por conta do reposicionamento de preço da marca Azul, para ser mais competitiva em algumas regiões, mas o segundo trimestre veio fora do nosso alvo em função de chuvas, granizo e incidência de roubo’, explicou o presidente da Porto Seguro, Fábio Luchetti, em teleconferência com analistas e investidores.

Operacional. A expectativa, segundo ele, é de que a sinistralidade no automóvel piore 3 pontos porcentuais neste ano em relação a 2015. Quanto ao seguro saúde, Luchetti disse que o indicador deve voltar ao patamar normal no segundo semestre, após um aumento ‘bem acima’ do esperado na primeira metade de 2016, quando o número de ocorrências cresceu como reflexo da crise, com beneficiários antecipando procedimentos em meio ao aumento do desemprego. A sinistralidade da Porto aumentou 5,3 p.p. no segundo trimestre ante o mesmo período de 2015 e fez com que o índice combinado, que mede a eficiência operacional, ultrapassasse os 100%, o que sinaliza prejuízo da operação.

No caso da Bradesco Seguros, também pesou a sinistralidade em saúde, impactada por um aumento de frequência como visto na Porto Seguro. A dinâmica do segmento, conforme o diretor-presidente da seguradora, Randal Zanetti, está ‘totalmente inserida no ambiente macroeconômico’ e que também é impactado pela inflação médica. Apesar disso, a Bradesco Seguros reiterou sua projeção de crescimento de 8% a 12% nos prêmios emitidos neste ano.

‘O guidance será alcançado com saúde e temos uma expectativa de um desempenho melhor nos próximos meses também de previdência privada. Tivemos mudança de sazonalidade na captação deste ano. Não esperamos nada excepcional, mas entendemos que ainda existe espaço para reconquistar receitas, pelo menos para voltarmos para dentro da faixa estimada para 2016’, explicou Zanetti.

O resultado operacional da SulAmérica também piorou no segundo trimestre em relação ao período de abril a junho de 2015, apesar de ter apresentado leve melhora no comparativo trimestral. Mesmo com sua maior exposição em saúde, pesou o aumento de sinistros no segmento de automóvel, assim como no caso da Porto Seguro. O indicador piorou 7,9 p.p. ao final de junho ante março.

Apesar disso, o lucro líquido da SulAmérica teve leve alta de 0,5%, para R$ 126,4 milhões. O desempenho, contudo, poderia ter sido ainda melhor, não fosse o impacto da majoração da CSLL e ainda a ausência da contribuição das carteiras de grandes riscos, vendida para a francesa Axa, e de seguro habitacional, que passou para as mãos da Pan Seguros (seguradora do ex-Panamericano).

Financeiro positivo. O resultado financeiro contribuiu com o resultado da SulAmérica no segundo trimestre, assim como ocorreu com Porto e BB Seguridade, uma vez que a Selic ainda segue intacta em patamares elevados. Para os próximos trimestres, contudo, as seguradoras já preveem uma menor contribuição dessa linha e garantem que têm se preparado via adoção de uma política de preços conservadora.

‘Estamos preparados e se tivermos um vento a favor da economia, o segundo semestre pode ser muito melhor. Mas não temos nada concreto hoje na política ou na economia que nos possa assegurar disso’, avaliou Gabriel Portela, presidente da SulAmérica.

 

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