O setor de saúde suplementar (operadoras de planos de saúde) fechou o mês de julho com um número menor de clientes. Pelo 13º mês consecutivo, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A queda foi de 0,32% - de 48,51 milhões de beneficiários para 48,35 milhões. No acumulado dos últimos doze meses, o setor perdeu 1,77 milhão de clientes.
Para Rosana Chiavassa, advogada
especializada em saúde, este desempenho negativo do setor não chega
a surpreender, pois reflete a situação econômica do País. “Com o
índice de desemprego nas alturas (de 11,2% no último trimestre), as
famílias estão abrindo mão de alguns itens para equilibrar seus
orçamentos”, explica a advogada. Ela lembra, no entanto, que mesmo
diante deste quadro difícil, a ANS autorizou um reajuste de 13,57%
para os planos de saúde individual e familiar, percentual bem acima
da inflação. “Não é por acaso que temos esta debandada expressiva
de clientes. Parece que os burocratas de Brasília estão
desconectados do Brasil real”, acrescenta.
De acordo com a advogada, as operadoras de planos de saúde têm
também a sua parcela de responsabilidade nestes números negativos.
Em sua opinião, as operadoras de planos de saúde precisam exercitar
a sensibilidade e olhar para o próprio umbigo. “Urge que gerenciem
melhor os seus custos para poderem ser menos agressivas nos pedidos
de reajustes à ANS. Se persistirem neste ritmo, diante deste
cenário econômico, a perda de clientes será cada vez maior”,
prevê.
O País vive um momento sensível na sua área da saúde, tanto privada como pública. Esta situação hoje dramática, avalia a advogada, exige atitudes inteligentes, que sejam viáveis e eficazes. “Não será lançando plano de saúde popular, como propôs o ministro da saúde, Ricardo Barros, que vamos resolver o problema. O SUS precisa ser fortalecido, não apenas com injeção de recursos, mas sobretudo com a adoção de uma gestão moderna, honesta e verdadeiramente eficaz”, assegura. “Hoje, com tantos meios eletrônicos de controle, não tem cabimento o SUS padecer por causa de desvios de verbas, de ausência de profissionais especializados ou de equipamentos quebrados. É primitivo”, assegura.