Às vésperas de ser vendida, a Samcil, plano
de saúde com 193 mil associados, deixou seus clientes com poucas
opções de atendimento.
A empresa enfrenta crise financeira e, em janeiro, passou a ser
acompanhada diretamente pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), para que as contas fossem colocadas em dia.
Como não adiantou, a ANS determinou que ela vendesse sua carteira
de clientes até amanhã. Os pacientes, entretanto, deveriam
continuar a ser atendidos normalmente. Não foi o que aconteceu, de
acordo com beneficiários.
A aposentada Aurora, 64, que não quis dar o sobrenome, tinha
consulta marcada para ontem com um clínico num ambulatório da
Samcil. "Quando cheguei, disseram que o médico não estava mais e
que eu teria que esperar 15 dias para remarcar."
Antes, ela tentou marcar consulta com um cardiologista em outro
ambulatório da Samcil, mas também foi orientada a esperar porque o
local não atenderia mais.
A Folha esteve neste ambulatório, na praça da República (centro de
São Paulo). Funcionários disseram que os médicos não estavam mais
trabalhando. Aos pacientes que chegavam, era entregue uma lista com
endereços de seis centros médicos da rede abertos na capital.
Antes, eram mais de 20.
O aposentado Luiz Destro Neto, 66, também foi prejudicado: teve que
recorrer ao SUS para fazer uma cirurgia neste ano, apesar de estar
em dia com os pagamentos de R$ 350 pelo plano familiar. A falta de
atendimento pode resultar em sanções à empresa. Os usuários
prejudicados podem denunciar à ANS.
COMPRADORES
Caso a Samcil não encontre compradores até amanhã, a ANS fará um
edital de convocação para interessados na carteira de clientes.
Se, mesmo assim, ninguém comprá-la, os consumidores do plano
poderão fazer uma portabilidade sem carência para planos similares
de sua preferência.
A ANS diz que não tem como prever quanto tempo esse processo pode
demorar. A agência recomenda que, durante esse período, os usuários
continuem a pagar as mensalidades do plano.
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