Estima-se que as seguradoras devem
pagar cerca de R$ 3 milhões em indenizações de roubos e furtos de
veículos
A corretora de seguros Jaqueline
Bergami (39), de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, viu
sua cidade ser assolada por uma onda de crimes e saqueamentos.
Criminosos armados e uma população impossibilitada de sair às ruas
era o cenário descrito da janela de sua residência.
O motivo deste fenômeno assustador
foram as manifestações que impediam o policiamento no Espírito
Santo. Os PMs começaram a retornar às ruas no sábado (11), após um
acordo entre representantes da categoria e governo e um chamado do
comando geral da PM.
À luz do mercado de seguros, dois
ramos são afetados: automóveis e patrimoniais. No seguro auto se
registrou um aumento de sinistros de 200%. O número de roubos e
furtos de carros foi três vezes maior, registrando, no início da
semana passada, cerca de 200 ocorrências. Estima-se que as
seguradoras devem pagar cerca de R$ 3 milhões em indenizações de
roubos e furtos de veículos.
Segundo o presidente do Sindicato das
Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo (SindSeg RJ/ES),
Roberto Santos, o aumento do roubo tem por objetivo um segundo
delito, que é roubar para transportar objetos furtados. “Depois
disso os carros são abandonados, o que significa que serão
recuperados quando a Segurança Pública voltar à situação normal”,
esclarece ao lembrar que a recuperação de carros praticamente zerou
neste período.
A questão dos seguros patrimoniais é
mais complexa nessa situação, pois segundo a entidade, as
seguradoras não estão sendo devidamente comunicadas das
ocorrências. Na Porto Seguro, empresa onde o presidente atua, só
duas ocorrências do tipo foram realizadas nos primeiros cinco dias
da paralisação. “Ainda não conseguimos saber a extensão do
problema. Pois, nos seguros patrimoniais, o proprietário da loja
muitas vezes precisa procurar o seu corretor para comunicar o
sinistro e os corretores não conseguiam trabalhar em função da
Segurança Pública”, diz.
Santos acredita que este tipo de
evento não refletirá no valor dos seguros. “Este tipo de evento
aumenta o nível de sinistralidade por algumas semanas, o que não é
suficiente para alterar os preços das seguradoras, pois isso
acontece com eventos de comportamento que duram muito tempo”,
afirma ao comentar que as companhias estão operando
normalmente.
O Sindicato dos Corretores do Estado
(Sincor-ES) fechou as portas da sua sede, em Vitória, no dia 06 de
fevereiro e voltou a operar meio turno no dia 09 de fevereiro para
não expor seus colaboradores à situação em que se encontrava a
Capital. O presidente da entidade, José Rômulo da Silva, diz que as
corretoras de seguros tiveram que alterar suas rotinas, “uma vez
que seus segurados estão preferindo não sair de suas residências e
não existe comércio aberto, incluindo a rede bancária”. “Os que
seguiram operando, o fizeram de suas residências ou escritórios em
função de atendimento aos seus clientes, principalmente no que diz
respeito a orientação e procedimentos a serem adotados em caso de
sinistros”, comenta.
Lições
O Sincor do Estado reforça que a lição
que fica para o corretor de seguros num momento de tensão como este
é de que se deve proceder com muita calma, já que o segurado
precisa do auxílio do profissional. “Por certo o corretor deverá
sofrer um desgaste grande e uma queda em seus negócios, face ao
medo e o recolhimento dos segurados e possíveis segurados neste
momento, mas creio que passada a tempestade por certo terá muito
trabalho, não só para ajudar seus segurados como também atender a
novos clientes que tiveram seus veículos furtados ou roubados, e
saques em estabelecimentos comerciais e assim poderem enxergar o
bem que o seguro proporciona para recuperação de suas perdas”,
avalia.
Para o SindSeg RJ/ES, o aprendizado
que fica é a necessidade de proteção através de apólices de seguro.
“O mercado segurador está acostumado com catástrofes e está
preparado para lidar com situações como esta. Então, a lição que
fica é para que a população se conscientize de que é melhor se
proteger”, assegura.
Na visão da corretora Jaqueline,
citada no início desta reportagem, a importância do profissional
corretor de seguros fica ainda mais evidenciada em momentos como
este. “O cliente não quer comprar somente um produto, ele quer
segurança. E isso só um corretor que conhece o produto pode
oferecer. Ele não quer preço simplesmente, ele quer solução”,
finaliza.