Levantamento mostra forte expansão do
custo
O preço médio do seguro de carro quase
triplicou no Rio de Janeiro nos últimos cinco anos. De acordo com
pesquisa da Bidu Corretora, especializada na comparação de preços
de seguro, um morador de São Conrado, por exemplo, pagou em média
R$ 1.543,29 pela apólice em 2013. Este ano, o valor médio saltou
para R$ 3.895,15, ou seja, 152% a mais, um dos maiores do
estudo.
O valor é referente ao primeiro
contrato, ou seja, quando o cliente entra na seguradora, e não
quando renova, momento em que as seguradoras costumam dar descontos
conforme o comportamento do contrato no ano anterior.
Base para a pesquisa: motorista de 40
anos, habilitado desde os 18, casado, vaga no prédio onde mora e no
trabalho e um Gol quatro portas, 1.0 flex. A distância percorrida
entre a casa e o trabalho seria de 25 quilômetros. Fonte: Bidu
Corretora
-
Para a pesquisa, a corretora colheu
dados de 20 bairros do Rio, tendo como base um motorista de 40
anos, com habilitação desde os 18 anos, casado, vaga no prédio onde
mora e no trabalho e um Gol, com quatro portas, 1.0 flex. A
distância percorrida entre a casa e o trabalho seria de 25
quilômetros.
De 2013 para cá, houve queda nos
preços apenas em 2014, de 7,28% em média. A partir de 2014, os
preços só subiram. Segundo a coordenadora de marketing da empresa,
Marcella Ewerton, o aumento é causado por vários fatores
econômicos, mas o principal influenciador é o risco de segurança em
determinada região.
— Várias mudanças aconteceram nesse
intervalo de tempo, tanto na economia quanto nos indicadores que as
seguradoras levam em conta para precificar o seguro. Porém, fatores
como índice de roubo e furto e acidentes mais elevados podem
contribuir para um seguro mais caro — disse.
Anderson Silva, tem 34 anos de idade e
é analista de informações. Ele comprou um Honda Fit em 2013 e
fechou um seguro em 2014 e 2015, mas em 2016 não renovou porque o
preço subiria 15%, para cerca de R$ 2.300. O rapaz, que mora no
Engenho Novo, começou a planejar trajetos, sempre curtos e o mais
seguros possível, quando saía com o carro.
— Passei o ano de 2016 escolhendo
horários para sair de casa, normalmente na parte do dia. Procurava
caminhos já conhecidos e não estacionava na rua, só em
estacionamento mesmo. O carro está com tudo em dia, mas,
infelizmente, por conta do valor do seguro, eu não tive condição de
renovar.
Este ano, Anderson não fez a cotação
do carro, mas a previsão é a mesma: aumento de preços. De acordo
com a Bidu, a média do bairro, é de R$ 4.737,67.
E o valor da cotação de seguro de
carro ainda pode subir este ano, em média, 73,15% frente a 2016 na
hora da renovação. Para novos contratos, o custo para o cliente
pode dobrar. De 2016 para 2017, houve forte crescimento no número
de roubo e furto no estado e na cidade do Rio de Janeiro.
— Em 2016, ocorreu o número mais alto
de roubo de automóveis em 25 anos: 41.704 casos. Provavelmente,
esse número interferiu diretamente nos preços de 2017 — afirma
Marcella Ewerton.
São Conrado também ficou no topo da
lista de aumentos de 2016 para 2017. Renovar o contrato com uma
seguradora custou, em média, 111% mais. Já contratos novos tiveram
reajuste de 168%. A renovação em 2016 custava, em média, R$
1.222,39 e, em 2017, é R$ 2.582,77. Já o primeiro seguro no ano
passado saía por R$ 1.452,77 e, em 2017, por R$ 3.895,15.
As cotações mais caras foram
encontradas no Recreio: R$ 4.929,63 (contratos novos) e R$ 3.414,10
(renovação). Em 2016, os preços eram R$ 2.535,37 e R$ 2.110,31
respectivamente.
Marcella acredita que o mercado de
seguros está mudando para atender a diferentes tipos de público,
inclusive os que querem pagar menos para proteger o carro. Uma
alternativa são os seguros modulares, nova modalidade na qual o
dono do carro pode excluir serviços, como assistência 24 horas,
para reduzir o valor.
— Algumas medidas podem diminuir o
risco de segurar um veículo e, portanto, baratear o seguro. Por
exemplo, parar o carro em estacionamento ou garagem fechada em vez
de parar na rua, instalar dispositivos de segurança, não se
envolver em acidentes, optar por um seguro não compreensivo, apenas
para roubo e furto, ou o seguro popular, que está chegando ao
mercado. O mercado está se diversificando bastante.
ENTENDA OS TIPOS DE SEGURO:
Seguro compreensivo: protege o veículo
contra incêndio, roubo, furto, colisões e vários outros riscos, com
indenização parcial ou total. Geralmente, inclui proteção a
terceiros, danos morais, coberturas de vidros e assistência. É o
seguro mais amplo, mas requer um investimento mais alto que as
demais opções. O seguro vai ficando mais caro quanto mais antigo
for o veículo.
Seguro básico/rastreador com seguro:
oferece proteção contra roubo e furto. Algumas seguradoras oferecem
essa modalidade junto com a instalação de um rastreador em comodato
e adicionam mais coberturas, como perda total por colisão. O
cliente só é indenizado caso o automóvel não seja encontrado ou,
caso encontrado, com danos superiores a 75% do valor do carro. Se,
por exemplo, o carro for encontrado sem os pneus ou sem uma porta,
por exemplo, o contratante deverá pagar pelo conserto do próprio
bolso. Esse tipo de seguro se assemelha mais a um serviço de
assinatura mensal, porque possui opções atrativas de parcelamento,
chegando a 12 vezes sem juros. Ele costuma ser mais barato, mas
também oferece uma proteção menor.
Seguro popular: essa cobertura ainda
não é comercializada. Ela ainda está em debate entre as entidades
reguladoras do seguro e as seguradoras. Até o momento, a cobertura
básica será colisão parcial e o segurado poderá realizar consertos
no carro com peças de reúso.
Seguro de terceiros: o foco é cobrir
danos materiais, corporais e morais causados a terceiros, que podem
ser tanto outras pessoas, sejam outros motoristas, pedestres, etc,
e tanto patrimônio alheio, como carros, muros e postes.
Seguro de acidentes de passageiros:
essa cobertura inclui indenizações no caso de morte acidental e
invalidez permanente de passageiros do veículo. É muito importante
para quem usa o veículo para transportar pessoas, como motoristas
de táxi e de Uber – inclusive, essa cobertura é exigida pelo
aplicativo.
Seguro DPVAT/seguro obrigatório: é um
tipo de seguro administrado pelo Estado e que beneficia vítimas de
acidentes de trânsito. Ele é pago por ano, geralmente junto com o
licenciamento e o IPVA.