São Paulo - Uma pesquisa
financiada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS)
tenta demonstrar a necessidade de novas regras para os planos de
saúde, como a adoção de reajustes diferenciados, novos modelos de
contratos para idosos e criação de perfil de usuários. O IESS é
fomentado por seis das principais operadoras de planos e seguros de
saúde: Bradesco, Sulamérica, Golden Cross, Amil, Medial e
Intermédica.
Segundo o estudo, houve um aumento médio de 14,22% no custo dos
procedimentos médico-hospitalares entre junho de 2008 e maio de
2009. Nos últimos três anos também foi registrado crescimento na
frequência de consultas e internações, que representam,
respectivamente, 10% e 60% dos gastos das operadoras.
"Ainda temos que analisar mais profundamente as razões, mas
acredito que haja um pouco de desperdício. O usuário está pagando e
quer usar o plano, às vezes sem necessidades", disse o diretor do
IESS, José Cechin, ex-ministro da Previdência no governo Fernando
Henrique Cardoso.
Desde o ano passado também tem havido um crescimento vertiginoso do
número de terapias, como psicoterapias, fisioterapia e
acompanhamento nutricional. Esses tratamentos passaram a ser
cobertos pelos planos em abril de 2008. O impacto nas despesas
médicas pagas pelo plano, no entanto, são de apenas 4%.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira, o
diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), Maurício Ceschin, mostrou-se favorável à adoção
de reajustes diferenciados, novos modelos de planos para idosos e
criação de perfil de usuários. Ex-diretor do plano de saúde Medial,
Ceschin assumiu o cargo há uma semana sob protestos de entidades de
defesa do direito dos consumidores.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) é contra os pontos que
já estão sendo avaliados internamente pela ANS. A advogada do Idec,
Juliana Ferreira, diz que qualquer uma das três mudanças seriam
contrárias ao Código de Defesa do Consumidor. "O que precisamos é
que os planos sejam gerenciados. A cada acontecimento, a primeira
alternativa é onerar ainda mais o consumidor."
O diretor do IESS diz que o reajuste diferenciado e as
classificações segundo perfis de usuário serviriam para tornar os
planos mais atrativos para os mais jovens e saudáveis. "Cada vez
mais os planos só são atrativos para os menos saudáveis."
A diretora da Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar),
Solange Beatriz Mendes, que representa as seguradoras
especializadas em saúde, concorda quanto à insustentabilidade do
modelo atual no longo prazo. "Para proteger os idosos, que
realmente precisa de um modelo diferenciado, os mais novos acabam
tendo de subsidiá-los."
Solange e Cechin também são favoráveis à criação de planos por
perfis de usuário. Assim, quem tem hábitos saudáveis, como prática
de atividades físicas, pagariam menos do que aqueles que adotam
condutas tidas como de risco, como fumar.
A pesquisa do IESS foi realizada em um universo de 1,2 milhão de
beneficiários de planos individuais (novos ou antigos) das seis
operadoras para as quais o IESS presta consultoria. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.