O Ministério
do Trabalho identificou e bloqueou 21 mil pedidos
fraudulentos de seguro-desemprego. Ao identificar essas
irregularidades, o governo deixou de pagar mais de R$ 120
milhões.
As fraudes tinham, na maioria, a
participação de funcionários públicos, alguns terceirizados. Nem
tentavam disfarçar a picaretagem. Teve um caso em que 150
trabalhadores pediram seguro-desemprego e disseram que moravam no
mesmo endereço.
Só nos dois primeiros meses do ano 1,1
milhão de pessoas procuraram Agências do Trabalhador ou do Sine em
todo o Brasil para dar entrada no pedido do seguro-desemprego. Um
benefício importante para quem está sem emprego e sem fonte de
renda.
Mas, entre os requerimentos feitos por
quem realmente precisa, tem gente tentando se passar por demitido
para receber o seguro sem ter direito. E não é pouca gente. Em cem
dias o governo federal identificou e bloqueou 21 mil requerimentos
do benefício. Deixou de pagar mais de R$ 120 milhões, que iriam
para os bolsos de fraudadores.
As fraudes acontecem em todo o país.Os
estados que aparecem na cor vermelha no mapa mostrado na reportagem
são os que têm mais casos. São Paulo está em primeiro lugar,
seguido do Maranhão e de Alagoas.
Os dados estão sendo monitorados por
um sistema que cruza dados de vários órgãos: Receita
Federal, Ministério do Trabalho e outros.
Um programa de informática que
compara, por exemplo, o CPF do trabalhador com o CNPJ da empresa de
onde ele foi demitido. O endereço declarado, checa a duplicidade de
dados e aponta as suspeitas para serem confirmadas ou descartadas
depois.
“Surpreende e o governo precisa, sim,
ter uma ação efetiva e forte contra essas quadrilhas que se
organizam para roubar o dinheiro do trabalhador, disse o ministro
do Trabalho, Ronaldo
Nogueira.
Grande parte das fraudes já
identificadas pelo governo tinha a participação de agentes,
servidores públicos concursados ou terceirizados. Alguns já foram
afastados, vão responder a processo e poderão ser demitidos.
Outros ainda estão sendo monitorados pelo Ministério do Trabalho e
a Polícia
Federal.
Chama a atenção uma informação que o
sistema apontou sobre um agente recordista de envolvimento em
fraudes. Só ele encaminhou 2.671 pedidos de seguro-desemprego que
acabaram sendo bloqueados por fraudes. Se tivessem sido pagos, os
benefícios iam levar a um prejuízo de R$ 18 milhões.
O ministro do Trabalho disse que outro
caso que chamou a atenção foi o de 150 trabalhadores que pediram o
seguro e moravam no mesmo endereço. Ele acredita que, até o fim do
ano, o governo pode economizar cerca de R$ 1 bilhão em benefícios
bloqueados por fraudes.
“Se não estanca a sangria, com certeza
o dinheiro, ele estaria indo para outro fim para sustentar
quadrilhas criminosas. O dinheiro do seguro-desemprego é para
proteger o trabalhador num momento em que ele perde o seu emprego,
essa é a finalidade do dinheiro”, disse o ministro Ronaldo
Nogueira.
Outro caso impressionante descoberto
pelo Ministério do Trabalho foi o de vários trabalhadores que
usavam o mesmo número de telefone para conseguir o
seguro-desemprego.