A incerteza sobre a Reforma da
Previdência Social fez com que a previdência privada ganhasse
destaque em 2017. De acordo com dados da Federação Nacional de
Previdência Privada, em 2016, quase 13 milhões de pessoas, 6,2% da
população nacional, contavam com um plano complementar e o
crescimento apresentado foi de 5% em comparação ao ano
anterior.
Na contramão do mercado, o Sicredi,
instituição financeira cooperativa com mais de 3,5 milhões de
associados viu a sua captação líquida de previdência crescer 79% no
primeiro semestre de 2017, na comparação com o mesmo período do ano
passado, com o valor de captação passando de R$ 35,3 milhões para
R$ 63,2 milhões.
“O Sicredi oferece planos de
previdência que possibilitam ao associado o acesso a fundos mais
rentáveis que, em geral, somente são acessados por investidores com
maior capacidade de aportes”, afirma Jeferson Rasmussen Betemps,
gerente de produtos Vida e Previdência da Corretora de Seguros do
Sicredi. Para o segundo semestre, a expectativa é de que a reserva
em previdência privada do Sicredi encerre este ano com um
crescimento de 27% em relação a dezembro de 2016.
Outro ponto que contribuiu para o
índice elevado foi o investimento do Sicredi na educação financeira
dos próprios colaboradores. “Observamos que era importante
ressaltar o papel fundamental da previdência privada internamente.
Com isso, desenvolvemos, em conjunto com a nossa parceira Icatu
Seguros, a Oficina do Futuro, um programa de capacitação interna
que já contou com a participação de mais de dez mil colaboradores,
sendo dois mil apenas em 2017. Deste modo, mediante um atendimento
mais consultivo, os colaboradores capacitados ficaram ainda mais
preparados para atender os associados, despertando a importância de
se planejar o futuro por meio de um plano de previdência privada”,
conta Betemps.
Reforma polêmica, porém necessária A
proposta de Emenda Constitucional que muda as regras da
aposentadoria apresenta vários pontos polêmicos, que poderão ser
negociados e alterados. Na opinião do economista e professor do
curso de Economia da Universidade Positivo (UP), Lucas Lautert
Dezordi, dois pilares propostos são essenciais para resguardar o
equilíbrio previdenciário. “Não há como sustentar o sistema com
aposentadorias aos 50 anos de idade, pois a relação entre
fecundidade e longevidade estão bem diferentes do que eram décadas
atrás. O tempo mínimo de 65 anos deve ser mantido, inclusive para o
funcionalismo público”, analisa.
Para Raphael Cordeiro, consultor de
investimentos, sócio da Inva Capital e autor do livro “O Sovina e o
Perdulário”, a Reforma previdenciária reduzirá os benefícios da
população, mas há um benefício indireto: as pessoas serão
incentivadas a aumentar seus investimentos para depender menos do
sistema público previdenciário. “Isso permitirá ampliar o nosso
crescimento potencial no médio e longo prazos.
Apesar de ser um golpe duro para o
trabalhador brasileiro, é necessário, alerta Dezordi: “se nada for
feito, em poucos anos, o déficit da previdência ficará
insustentável”.