Amália Goulart, jornalista do Diário
do Comércio, produziu uma matéria sobre o roubo de cargas em Minas
Gerais. O SindSeg MG/GO/MT/DF marcou presença com dados do mercado
e, além disso, reforçando que a entidade está próxima aos órgãos
públicos sugerindo medidas preventivas de crimes como um todo.
Confira a matéria completa.
Além de aumentar a exposição à
violência, o roubo de cargas – crime que vem avançando em Minas
Gerais – está levando a outros efeitos colaterais, como elevação
dos preços de produtos e geração de entraves ao transporte
rodoviário no País. O alerta é de profissionais do setor. Como as
transportadoras têm que investir alto em segurança e pagar seguros
mais elevados, esses custos refletem nos valores do frete, são
repassados aos comerciantes e aos consumidores. E, no caso das
cargas mais visadas pelas quadrilhas – como cigarros, bebidas,
celulares e pneus – já há transportadoras e seguradoras que
desistiram do negócio.
Um dado que dá noção mais ampla do
prejuízo vem do Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de
Resseguros e de Capitalização dos Estados de Minas Gerais, de
Goiás, do Mato Grosso e do Distrito Federal (SindSeg MG/GO/MT/DF).
No ramo de seguro que cobre o roubo de carga, o aumento no valor de
sinistros (valor pago pela seguradora quando a carga é roubada) foi
de quase 100%. Entre janeiro a junho de 2016, o valor foi de R$
8,97 milhões, sendo que passou para R$ 17,72 milhões em igual
período de 2017.
Segundo o SindSeg, no primeiro
semestre deste ano, no comparativo com igual período de 2016, houve
aumento de 47,4% na contratação de seguros nesse ramo. Já a
sinistralidade – relação entre receita e indenizações pagas – no
mesmo período chegou a 81,3%, representando aumento de 34% em
relação ao primeiro semestre de 2016.
De acordo com a entidade, é
recomendável que a sinistralidade fique na faixa de até 60% para
que as empresas de seguro possam arcar com custos e obter lucro. Ou
seja, as seguradoras estão “trabalhando no vermelho” neste
segmento.
“As seguradoras que operam no segmento
de transporte estão sentindo fortemente o roubo de cargas e algumas
empresas já desistiram de atuar nesse setor”, disse a diretora do
SindSeg MG/GO/MT/DF, Andreia Padovani.
O consultor de seguro da corretora VRS
Seguros, empresa especializada em seguros de cargas, Itamar Pereira
Paulo, explica que as seguradoras fazem um apanhado sobre os
produtos mais atrativos para as quadrilhas e também as rotas mais
perigosas. “São produtos que têm receptação certa. As quadrilhas
agem sob encomenda”, explica. “Para determinadas regiões, o custo é
maior. Para o Rio de Janeiro, por exemplo, a seguradora só presta o
serviço se a transportadora contratar escolta armada”, completa. O
Rio de Janeiro é o Estado campeão no País em roubo de cargas.
Segundo Pereira, em alguns casos, a
seguradora chega a declinar do pedido de cotação. “A maior parte
das companhias seguradoras não assumem o risco de oferecer seguro
para uma empresa que faz exclusivamente o transporte de
medicamentos”, exemplifica.
Além disso, no contrato há o chamado
sublimite, valor que a transportadora poderá embarcar sem precisar
gerenciar o risco. A empresa poderá, por exemplo, embarcar R$ 100
mil em mercadorias que a seguradora cobre. Se ultrapassar esse
valor, para ter direito ao seguro, a transportadora ainda tem que
providenciar, por exemplo, o rastreamento da carga e escolta
armada, de forma a amenizar o risco da companhia de seguro. Como
forma de prevenção a esse tipo de crime, as seguradoras atuam com
os clientes para que adotem iniciativas de gerenciamento do risco.
Além disso, segundo Andreia Padovani, o sindicato está sempre
próximo aos órgãos públicos sugerindo medidas preventivas de crimes
como um todo.
Segurança – O presidente do Sindicato
das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais
(Setcemg), Gladstone Viana Diniz Lobato, ressalta que o roubo de
cargas gera uma cadeia de custos altíssimos que, sem dúvida, atinge
o consumidor final. Segundo cálculos do Setcemg, cerca de 15% do
faturamento das transportadoras são investidos em segurança.
“A seguradora aumenta o valor cobrado
pelo prêmio. Além disso, a transportadora tem que aumentar o
investimento em segurança. As empresas estão fazendo o que o Estado
deveria fazer”, diz. Ele reforça que as cargas têm alto valor
agregado para quadrilhas porque os ladrões estão encontrando saída
facilmente no mercado paralelo.
Levantamento realizado pelo Setcemg
com base em dados de órgãos de segurança indica que Minas Gerais
manteve, nos primeiros cinco meses deste ano, uma média de quatro
roubos de carga por dia.
De acordo com o sindicato, no Estado
foram registrados, de janeiro a maio deste ano, 661 roubos de
carga, aumento de 11,2% no comparativo com igual período de 2016,
quando ocorreram 594 crimes desse tipo. Os trechos considerados
mais perigosos estão na Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH) e a região Central.
Segundo o Setcemg, em 2016, o prejuízo
com o roubo de cargas em Minas foi de R$ 220 milhões. Neste ano,
até agora, esse valor não foi calculado pelo sindicato.