O Rio de Janeiro, apesar dos seus inúmeros problemas, principalmente na área de Segurança Pública, apresenta enorme potencial para o mercado de seguros. Em síntese, é essa avaliação que faz o consultor Sergio Ricardo que, em entrevista ao CQCS, lamenta os efeitos que a insegurança provoca. “A sensação de insegurança, aliada a grave crise econômica, afasta possíveis investimentos”, observa.
Segundo o consultor, são vários os nichos com enorme potencial para serem explorados pelo mercado de seguros no Rio de Janeiro, a começar pela questão da moradia. “Há a oportunidade de produzir 250 mil moradias nos próximos 20 anos. Isso se reflete em várias outras atividades econômicas. Então, se para construir uma moradia se gasta R$ 150 mil, significa dizer que com um investimento de cerca de R$ 40 bilhões se conseguiria resolver o problema, com enormes ganhos sociais e a possibilidade de gerar um movimento de cerca de três ou quatro vezes isso. Agora imaginem o potencial em termos de vários tipos de seguros”, acrescenta Sergio Ricardo.
Outra vantagem desse investimento seria “acabar com as favelas”, Sergio Ricardo cita Nelson Mandela segundo o qual erradicar as favelas deveria ser mandatório, porque lá não há Estado e a tensão social é insuportável. Mas, da mesma forma que investir em saneamento não dá votos, retirar as pessoas dos morros e urbanizar as favelas já é quase impossível, porque interessa há muito poucos”, ressalta o consultor.
Ele lembra ainda que o Rio de Janeiro é a cidade brasileira com a maior população morando em aglomerados subnormais, como revela o estudo do Censo 2010 sobre o tema, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE.
No total, são quase 1,4 milhão de pessoas vivendo em 763 favelas, ou seja, 22,03% dos 6,3 milhões de moradores do Rio. A cidade fica à frente inclusive de São Paulo, cuja população nas favelas e loteamentos irregulares é de menos de 1,2 milhão, embora a capital paulista tenha mais aglomerados subnormais do que a fluminense (1.020 ao todo).
Para Sergio Ricardo, os números do Rio denotam um dado preocupante, que mostram que as políticas habitacionais estão longe de atender à demanda por moradias na cidade. “Se comparados com os números do Censo 2000 do IBGE, quando havia 1.092.283 moradores de favelas no Rio, ou 18,65% dos habitantes do município, o crescimento da população em aglomerados subnormais em 10 anos foi de 27,65%, enquanto a cidade regular, excetuando os moradores das favelas, cresceu a um ritmo oito vezes menor, apenas 3,4%, passando de 4.765.621 para 4.929.723 nesses dez anos”, conclui.