Incomodados com a crescente atuação de empresas que comercializam a chamada proteção veicular, alguns corretores de seguros catarinenses decidiram se unir e colocar as mãos na massa para combater a prática no estado. A iniciativa teve início com a formação de um grupo no WhatsApp, que incluía profissionais da categoria e executivos de seguradoras, para troca informações relacionadas ao assunto. Em pouco tempo, o coletivo ganhou força e foi acolhido pelo Clube de Corretores de Seguros de Santa Catarina, onde passou a se reunir semanalmente para levantar os principais problemas enfrentados e montar um plano de ação. “O nosso objetivo é prestar serviços aos corretores de seguros, aos prestadores de serviços e, principalmente, para os consumidores de seguros para evitar que sejam atraídos por práticas que não são as melhores no mercado”, afirma Rogério Bravo, corretor de seguros de Florianópolis e um dos líderes do grupo.
A estratégia do coletivo é esclarecer os consumidores e as autoridades sobre as diferenças entre seguro e proteção veicular. “Não haverá descanso enquanto não cumprirmos nosso objetivo de sinalizar para toda a sociedade, e isso inclui não apenas os consumidores, mas também as autoridades públicas, Procons, Ministério Público, Defensorias Públicas e Magistratura, que há diferenças fundamentais entre proteção veicular e contrato de seguro, e que essas diferenças precisam ser criteriosamente observadas, inclusive para evitar prejuízos maiores para os consumidores”, pondera Bravo.
Além disso, o grupo estabeleceu um boicote às oficinas e prestadores de serviço que estivessem atendendo às associações ou cooperativas. “Após identificarmos várias situações, decidimos escolher um caminho que entendemos ser imprescindível para dificultar ao máximo esta proliferação. Notamos que diversos vistoriadores, guinchos, reguladores de sinistros e oficinas mecânicas estavam prestando serviços para essas empresas de proteção veicular. Isto está oportunizando o retorno de peças condenadas e que não são recolhidas pelas seguradoras para abastecer este mercado. Está havendo inclusive indicação e comercialização de proteção veicular por estes prestadores, situação está considerada inaceitável por todos nós”, destaca Bravo.
Em um Estado em que existem pelo menos 15 associações ou cooperativas e cerca 40 mil associados ou cooperados, o movimento não demorou chamar a atenção do Sindicato dos Corretores de Seguros no Estado de Santa Catarina (Sincor-SC), que também passou a apoiar o grupo. “Participamos das reuniões e apoiamos as iniciativas do grupo. É algo que consideramos muito importante, porque são os próprios corretores que estão se movimentando para combater o problema”, afirma Auri Bertelli, presidente do Sincor-SC.
Bertelli não é a única liderança do mercado de seguros a exaltar a iniciativa. “O corretor de seguros tem um papel fundamental na defesa do mercado segurador, principalmente frente às empresa de proteção veicular. Pela sua capilaridade e pela proximidade com o cliente, o profissional corretor de seguros é extremamente importante na divulgação do mercado legal. Não podemos aceitar que empresas enganem o consumidor com falsas proteções”, destaca Joaquim Mendanha de Ataides, superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro.
Autor do PL 3139/15, que criminaliza a atuação das chamadas empresas de proteção veicular e proíbe associações e cooperativas ou clubes de benefícios de comercializarem contratos de natureza securitária, o deputado federal Lucas Vergílio (SD-GO) também elogia o movimento: “O mercado de seguros é regulamentado, fiscalizado e supervisionado no mundo inteiro, não apenas no Brasil. E isso tem um motivo: nós lidamos com o patrimônio e a vida das pessoas, também a poupança interna do nosso país. Então, apoiamos a iniciativa dos corretores e seguiremos enfrentando esse problema de cabeça erguida”.
O apoio anima os corretores de seguros catarinenses, que esperam levar a iniciativa para outros estados. “Nossa união é fundamental. Organizados e unidos, somos uma força de venda que jamais será desprezada. Então, entendemos ser de suma importância uma ação ampliada, de caráter nacional e mediada por nossos representantes. Os consumidores brasileiros precisam entender com muita clareza as diferenças entre seguros e os serviços de proteção veicular, para escolherem com convicção o que realmente querem contratar”, aponta.