Seguradoras e resseguradoras ainda fazem as contas das perdas seguradoras
A temporada de furacões no Caribe e América do Norte encerra-se oficialmente nesta quinta-feira, 30, inscrevendo-se entre aquelas de maiores perdas econômicas da história. Seu fim traz alento para a indústria de seguros e resseguros, a quem caberá pagar parte das perdas, e dúvidas sobre se os atuais modelos de catástrofes usados pelas seguradoras/resseguradoras, para calcular valores em risco, continuam ou não confiáveis. A temporada de furacões começou em 1ºde junho nos EUA/Caribe.
Os prejuízos causados pelos furacões atingiram a cifra de US$ 202,6 bilhões até agora. Especialistas concordam que, para o mercado de seguros mundial, as perdas vão reduzir a rentabilidade dos grupos ou mesmo gerar elevados prejuízos, obrigando-os a mexer nas taxas de prêmios de seguros comerciais e de outras modalidades, em caso extremo, para buscar o reequilíbrio financeiro de suas operações.
Isso porque, além dos Estados Unidos, também a Ásia, e alguns países da Europa tiveram perdas com desastres naturais, como tufões ou tempestades severas. As tempestades, em todo o mundo, provocaram danos de US$ 369,9 bilhões, o segundo ano mais oneroso desde 1960.
A temporada devastadora inclui 17 tempestades nomeadas nos EUA e Caribe – furacões são nomeados por ordem alfabética a cada ano, alternando nomes masculinos e femininos, e os das tempestades diferem para cada região do país- das quais 10 se tornaram furacões que provocaram centenas de mortes em todo a bacia Atlântica. Ainda que o recorde pertença ao ano de 2005 em números de eventos, foram 28 tempestades, as intempéries da atual temporada surpreenderam meteorologistas experientes, em razão de seu poder destruidor.
Nos Estados Unidos, pela primeira vez três tempestades da categoria quatro atingiram as costas do país no mesmo ano. O furacão Harley, em agosto, foi o primeiro grande furacão a atingir o país desde 2005, batendo recorde em precipitação- mais de 60 polegadas (152 centímetros) no Texas. A combinação de chuvas vigorosas, de ventos, ameaçou não só a quarta maior cidade do país em produção de energia, mas também o agronegócio.
O furacão Irma, que alcançou Florida Keys em setembro e reverberando para Tampa, permaneceu na categoria 5 por 37 horas- superando, com folgas, as 24 horas de fúria do Typhon Haiyan.
As seguradoras constataram que os danos provocados por tempestades e furacões agravaram-se porque houve um boom de novas construções nas áreas costeiras dos Estados Unidos nos últimos anos, potencializando as perdas. Foram atingidas casas de praia, resorts à beira-mar, redes elétricas, refinarias da Costa do Golfo, exigindo ações das mais variadas pelas companhias de seguros, como pagamento das despesas por limpeza ou desembolso a título de lucros cessantes, por exemplo.
Agora, ao olhar, assustados, para os danos causados pelos furacões Harvey, Irma e Maria, atuários reconhecem que há brechas na modelagem de estimativa de perdas catastróficas. Os modelos tomam como base tempestades que remontam a 1871 nos EUA ou 1960, no plano mundial, segundo especialistas. Ainda não incluem as megacidades surgidas nas últimas décadas, como Nova York, Houston, Miami, Tóquio, Hong Kong, nem as perdas que um único evento catastrófico pode produzir nelas, de mais de US$ 100 bilhões, se atualizados. Logo, a atualização das taxas está a caminho, seja para se recompor de perdas passadas, seja para não ser surpreendido no futuro, concluem especialistas.