Mais do que direcionar esforços para adquirir novas carteiras de clientes e tentar competir com os grandes, as pequenas e médias operadoras devem organizar e padronizar seus processos internos. Peça importante para solucionar esse quebra-cabeça é o segmento de tecnologia de informação.
Segundo o diretor executivo do grupo Tempro Software, Luiz Antônio De Biase Nogueira, é preciso que as pequenas e médias empresas reconheçam a importância dos gestores de TI e a mantenham-na alinhada com o negócio.
“A maioria das médias e pequenas empresas não tem um gestor de TI. É importante envolver esses profissionais no planejamento estratégico e implantar princípios de governança em TI”.
Em sua apresentação no 16º Congresso Abramge e 7º Congresso Sinog, realizado em São Paulo, nos dias 18 e 19 de agosto, Nogueira contou que é muito comum é a área comercial lançar um produto inovador, colocar o produto para vender e não comunicar a área de TI. “De repente chega o momento de calcular as comissões e percebe-se que o sistema da operadora não consegue calcular daquela forma que foi combinada com o pessoal de vendas”.
Para que a tecnologia da informação seja tratada como uma área estratégia, Nogueira explica que é necessário estabelecer um orçamento para esse departamento. Além disso, ele chama atenção para a importância de indicadores de desempenho do setor.
“A tecnologia da informação precisa ser medida para saber se está funcionando direito, quantidade de quedas de servidor, tempo de resposta de uma queda. Se o banco de dados de uma operadora ficar fora do ar ninguém trabalha”.
Mapear os riscos também são fatores que determinam a salubridade do departamento de tecnologia de uma operadora. “Diante dessa realidade, as empresas devem ter planos de contingência caso o sistema fique fora do ar”.
Realizar registros de todos os incidentes para dar suporte aos indicadores de qualidade e documentar esses incidentes para documentar a causa. “Quando olhamos para um histórico começamos a enxergar as nossas fraquezas e podemos mudar. Isso é tratar a tecnologia da informação de forma estratégia”.
Influência da ANS
Segundo Nogueira, atualmente as operadoras de planos de saúde estão sobrecarregadas por causa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Não há uma operadora que esteja com folga na área de TI. E isso tem custado muito para as operadoras”.
Em uma pesquisa informal realizada por Nogueira, foi constatado que os esforços gastos pelas operadoras no ano de 2011 foram 85% direcionadas aos cuidados do sistema de informação e 15% eram para infraestrutura. “Isso está dentro de um patamar bastante razoável”.
No entanto, 75% dos esforços em sistema de informação costumam ser dedicados a processos operacionais e 20% dos esforços são dedicados a atender a ANS. “Esse valor está muito alto. Se uma empresa gastou R$ 1 milhão, pode-se dizer que R$200 mil foi só para atender a ANS”.
Parcerias
Segundo o diretor de negócios da eZ-Vida, Lincoln de Moura Assis Júnior, as pequenas e médias operadoras devem estabelecer parcerias para conseguir driblar as dificuldades e se adequar aos rumos que a TI tem tomado.
“Deve-se fortalecer uma visão integradora ao invés de fragmentar o mercado. Essa história de não compartilhar recursos faz com que as empresas joguem dinheiro fora para resolver problemas”.
Além disso, ele ressalta que é importante entender a complexidade da informação em saúde. ”Esse setor não é trivial é necessário que os fornecedores de saúde também entendam essa complexidade”, finaliza.