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Maioria dos usuários teve problemas com planos de saúde, diz pesquisa

Fonte: Jornal Nacional Data: 23 julho 2018 Nenhum comentário

Uma pesquisa da Associação Paulista de Medicina constatou que 96% dos usuários de planos de saúde do estado de São Paulo tiveram alguma dificuldade na hora de usar o serviço. 

Esse é o serviço que deixa 100% feliz só quem não precisa usar.

“Até agora, eu não precisei de coisas mais especificas, então para mim está bom, está tranquilo”.

Mas para não usar, é caro.

“Gasto em média R$ 1 mil. Não acho que vale a pena porque esse valor todo é só o valor fixo, fora a coparticipação. A gente usa pouco, na verdade, e quando precisa tem o valor agregado e vê que é bem pesado daí”, disse a professora Karen da Rosa.

A acupunturista Marliete Rodrigues paga, mas não teve quando precisou usar.

“Eu tive que ir no hospital público porque o convênio que eu já estava pagando há dois meses não estava atendendo por causa da carência”. 

Um grupo que faz parte dos 11 milhões de brasileiros que usaram plano de saúde nos últimos dois anos foram ouvidos em uma pesquisa encomendada pela Associação Paulista de Medicina.

Eles relataram principalmente demora para marcar consultas, dificuldade para agendar exames, longa espera no pronto atendimento, falta de hospitais para a internação, demora para a aprovação de cirurgias.

Se 96% dos entrevistados relatam alguma dificuldade com os serviços contratados, os pesquisadores concluem então que os problemas com os planos de saúde na prática viraram regra. Afetam quase todo mundo. E o que chama a atenção é que a piora na avaliação coincidiu justamente com o período de grandes reajustes nos preços das mensalidades.

“Isso também é resultado da omissão da ANS, que não regula nem fiscaliza adequadamente o setor”, afirma Mário Scheffer, professor da faculdade de medicina da USP.

É, mas a pesquisa mostra que pode ser ruim ficar sem.

“Ter que chegar às cinco da manhã para pegar uma senha e conseguir uma consulta”, diz o professor José Gomes Pedrosa Neto.

Médicos dizem que o SUS não tem equipamentos adequados para exames e que é difícil internar um paciente.

“A saúde suplementar não olha esse sistema com uma parte integrante do sistema de saúde como um todo. Ela trabalha muito com a lógica de lucro, de negócio comercial”, disse Florisval Meinão, diretor da Associação Paulista de Medicina.

A endocrinologista Ana Paula Pirró foi da rede credenciada de uma seguradora por 20 anos.

“Mandaram uma cartinha que em 60 dias eu não era mais credenciada e cortaram o meu contrato assim do nada”.

Os médicos reclamam também da interferência das seguradoras no tratamento, mas nem querem falar do valor que recebem por cada consulta.

“Da vergonha falar o preço que a gente recebe por consulta”, disse Ana Paula.

O que dizem os citados
A Federação Nacional de Saúde Suplementar declarou que os planos de saúde estão longe de liderar os rankings de reclamações e que, em 2017, o setor apareceu na 17ª posição do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor.

A Associação Brasileira de Planos de Saúde informou que o lucro dos últimos cinco anos foi baixo por causa do aumento do custo médico hospitalar.

O Ministério da Saúde informou que o orçamento para saúde cresceu 50% em sete anos e que aumentou mais de 600% o número de leitos para casos graves.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar declarou que adotou medidas para melhorar a qualidade do atendimento dos planos de saúde como, por exemplo, a definição de prazos máximos para a realização de consultas, exames e cirurgias.

 

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