Sigla para “peer to peer” (em português, ponto a ponto) é o nome dado aos diversos serviços de compartilhamento de arquivos pela internet. As tecnologias P2P reduzem o custo e facilitam a distribuição.
Conceitualmente o P2P (Person to Person – Pessoa para Pessoa) parece muito com o mutualismo praticado pelas seguradoras. Em tempos de compartilhamento, esse é basicamente o princípio P2P (peer to peer) que pode atender, por exemplo, um grupo de amigos que desejam adquirir um seguro residencial.
Jó Beduschi, CEO da Mutual Life, diz que seguros peer-to-peer ajudam a resgatar valores perdidos do mutualismo, e por meio da tecnologia, combiná-los com uma gestão de risco transparente.
Ele conta que os princípios do mutualismo fazem parte do modelo de negócio da Mutual.Life. “O objetivo da nossa plataforma é justamente resgatar o mutualismo de forma segura e transparente, proporcionando uma relação mais simétrica e justa para os participantes”, explica.
O executivo destaca que seguros peer-to-peer são conceitualmente parecidos com o mutualismo que é a base do seguro tradicional. “Diferem nas bases utilizadas para formação do grupo que compartilhará o risco e no modelo de negócio”, ressalta.
Mercado regulado
Os seguros tradicionais são regulados e fiscalizados com conhecido rigor, que privilegia a capacidade da seguradora de honrar seus compromissos através de provisões e reservas atuariais e normas de capitalização desses valores. “Os seguros peer-to-peer buscam sua validação e espaço em provas de conceito e provas de trabalho, aprimorando o marketing e seu modelo de resultado”, diferencia Beduschi.
O executivo diz ainda que seguros peer-to-peer podem atender uma gama grande de riscos e que no caso da Mutual.Life, a ideia é iniciar atuando em riscos de menor valor individual, que devem ir aumentando à medida que a rede cresce e se consolida. “Fora a necessidade de capital, não vemos nenhum impedimento para o mesmo modelo ser aplicado a riscos bem maiores”, diz ele.
Ele destaca a questão da regulamentação. “Este é um tema muito importante. A Susep já sinalizou que está trabalhando para a criação de um sandbox regulatório para podermos experimentar dentro dos limites de prudência que o setor necessita”, destacou. Para ele, o sandbox é essencial para garantir segurança jurídica para validar modelos de proteção e crescer de forma orgânica. “O seguro peer-to-peer não é mais uma novidade, já marca presença em outros países, não somente em países desenvolvidos, mas em países como Rússia, Argentina, Colômbia, China, entre outros”, resume.
Beduschi entende que a proteção P2P aumenta a cobertura securitária com mais segurança e transparência que as alternativas disponíveis, além de promover mais estabilidade econômica especialmente para os perfis sócio-econômicos com menos acesso aos produtos tradicionais de seguro.
Nas simulações e cálculos atuariais feitas pela Mutual.Life, Beduschi diz que tendo em vista o crescimento orgânico – reflexo da base ser a formação de grupos de confiança – o capital requerido no início da operação para dar a segurança necessária é bem menor do que os valores exigidos das seguradoras para produtos massificados. “O que é necessário uma vez que esses produtos não estão limitados por um fator de crescimento em rede e podem ser comercializados aos milhares de forma irrestrita”, finaliza.
Beduschi destaca algumas vantagens do peer-topeer:
– Carros monitorados, descontos personalizados, pagamento por quilômetro rodado e apólices por poucos dias de uso estão entre as opções que começam a surgir.
– Adicionar uma camada social através da formação de grupos baseados em convites e confiança mútua para reduzir a assimetria da informação e ajudar a mitigar fraudes.
– Eliminar o conflito de interesses causado pelo fato de que a seguradora lucra quando uma indenização é negada. Como nós cobramos uma taxa na entrada dos recursos, não temos qualquer tipo de benefício caso uma indenização seja negada. Nosso único interesse é manter a rede saudável e proporcionar uma excelente experiência para nossos clientes.
– Diminuir a fricção com nossos clientes, especialmente no que diz respeito a aprovação e recebimento de indenizações.
– Flexibilidade nos produtos. A capacidade dos usuários determinarem o tipo de proteção que desejam ao criarem um grupo, e a plataforma calcular os valores de arrecadação e cobertura de cada usuário, permite um alto grau de customização e flexibilização das proteções, viabilizando a cobertura de riscos para os quais não existem produtos no mercado tradicional.
– Uma operação mais enxuta e end-to-end que permite que o custo final da proteção para o cliente seja bem menor do que a cobertura equivalente se oferecida pelo mercado tradicional.