Alterações no funcionamento de neurônios do hipotálamo são uma
das causas da obesidade, segundo cientistas do Instituto de
Pesquisas Biomédicas August Pi i Sunyer de Barcelona.
O trabalho, apresentado na quinta-feira (26), revela os mecanismos
pelos quais o controle do apetite e do peso corporal são regulados
pelo sistema nervoso central, pelas interações dentro de neurônios
POMC, encontrados no hipotálamo.
Em condições normais, os neurônios POMC são ativados por um
hormônio chamado leptina, que é liberado no corpo quando há acúmulo
excessivo de gordura e que, ao entrar em contato com os neurônios,
faz com que eles fabriquem as moléculas necessárias para regular a
fome e o gasto energético.
Segundo o estudo, as dietas ricas em gorduras provocam nos
neurônios resistência à leptina, que perde a capacidade de exercer
sua função reguladora do apetite e do peso. Assim, algumas pessoas
obesas parecem se tornar imunes à leptina, apesar de ter altos
índices deste hormônio no sangue.
O investigador do instituto, Marc Claret explicou hoje em
entrevista coletiva que "cada caso de obesidade é diferente, mas a
maioria dos obesos apresenta resistência à ação da leptina". A
descoberta pode levar ao desenvolvimento de medicamentos que
regulem esta função, preferível às técnicas cirúrgicas
invasivas.
Considerada uma epidemia no Brasil, a obesidade mata no mundo todo,
segundo a OMS, 2,8 milhões de pessoas por ano, e ainda não existem
remédios considerados eficientes e seguros o suficiente para ajudar
a combatê-la.
Os cientistas confiam que conhecer melhor os mecanismos moleculares
que provocam este problema ajudará no futuro a encontrar uma pílula
contra a obesidade.