Sistemas híbridos de saúde, em que o
trabalho em equipe seja mais valorizado, é uma das
propostas
Como deve ser a formação dos profissionais de saúde nas próximas
décadas? Como aproximar os médicos das demais áreas da saúde? De
que forma as novas tecnologias de informação vão ajudar pacientes e
instituiçõO debate em torno dessas questões já começou nas mais
renomadas universidades do mundo, como Harvard e Cambridge.
Em artigo publicado no fim de 2010 na revista "Lancet", 20
pesquisadores afirmam que o atual modelo de formação, que consome
anualmente US$ 100 bilhões em todo o mundo, não funciona mais.
Em junho, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina
(SPDM), entidade que gerencia uma série de unidades de saúde, como
o Hospital São Paulo, promoverá um seminário internacional sobre o
assunto.
As propostas vão desde mudanças na graduação -estudantes de
medicina cursando disciplinas com alunos de enfermagem, por
exemplo-, até a criação de sistemas híbridos de saúde, em que o
trabalho em equipe seja mais valorizado.
Divisão de tarefas
Algumas iniciativas já delegam atividades, hoje restritas a
médicos, a outros profissionais. O Conselho Internacional de
Oftalmologia, órgão máximo da área, defendeu em dezembro que
médicos treinem técnicos para operar catarata em países pobres. O
modelo já está sendo testado na África.
Na China, há 250 milhões de pessoas com catarata. Para operá-las,
seriam necessários 250 mil oftalmologistas-no mundo, há 150
mil.
Para Julio Frenk, professor da Harvard School of Public Health e um
dos autores do artigo no "Lancet", os problemas são sistêmicos e se
ancoram na formação acadêmica deficiente e na valorização da
medicina hospitalar em detrimento dos cuidados preventivos.
"Os esforços para corrigir isso não prosperaram, em parte em
razão do "tribalismo" das profissões, que agem de forma isolada e
concorrem umas com as outras."
Cláudio Lottenberg, presidente da Sociedade Israelita Albert
Einstein, explica que, por causa do excesso de informações, é
importante o médico trabalhar com profissionais que tenham
competências específicas.
Para Belfort Júnior, só haverá uma real mudança na formação em
saúde quando os gestores (como o Ministério da Saúde) colaborarem,
informando universidades sobre o perfil de profissional de que a
sociedade precisa.
Segundo ele, falta médico capaz de exercer medicina fora do
hospital. Também falta suporte tecnológico para ele atuar."
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