Para diretor-presidente da agência, diminuição da margem de
lucro afasta operadoras do mercado
A sustentabilidade das operadoras de planos privados de saúde é
o maior desafio enfrentado pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). O alerta foi feito pelo diretor-presidente da
Agência, André Longo Araújo de Melo, que prestou contas das ações
desenvolvidas em 2012 em audiência pública conjunta das Comissões
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), de Assuntos Econômicos
(CAE) e de Assuntos Sociais (CAS) na última quinta-feira (20).
O desequilíbrio econômico-financeiro do setor fica evidente, diz
Longo, na discrepância entre o crescimento das despesas (R$ 10,7
bilhões) e das receitas (R$ 10,1 bilhões) entre 2011 e 2012. Das
1.538 operadoras inscritas na ANS, 120 estavam submetidas a
monitoramento especial das contas por um dirigente da agência ao
final de 2012.
Reclamações
A crescente compressão das margens de lucro tem, segundo Longo,
estimulado a saída de muitas operadoras do mercado. Se o dirigente
constata tendência de melhor qualificação daquelas que resistem,
também observa aumento no número de reclamações de usuários, que
totalizaram 75 mil no ano passado.
Atualmente, 17 operadoras estão com 120 planos de saúde com
comercialização suspensa por determinação da ANS.
Na busca de uma melhor relação entre usuários e operadoras, a
agência tem estimulado as empresas a criarem ouvidorias e, assim,
abrirem um canal de negociação direta com os consumidores. Outra
frente em que tem atuado é a de mediar os conflitos levados
diretamente à ANS, que dá à operadora alvo da reclamação prazo de
cinco dias para solucionar a queixa.
“Nosso índice de resolução de conflito chegou a 78,4% em 2012”,
disse Longo, segundo o qual os acessos ao site da agência
(ans.gov.br) chegaram a mais de 1 milhão no período.
Longevidade
O reequilíbrio nas contas do setor pode ser a principal
preocupação da ANS hoje, mas outros desafios com impacto
equivalente também se impõem. Um deles é a longevidade da
população, que repercute na questão econômico-financeira por exigir
procedimentos mais complexos e caros para uma massa maior de
usuários.
“A população com mais de 60 anos vai duplicar até 2030. Temos
que nos preparar para isso”, disse Longo. A incorporação de
tecnologias; a falta de investimentos em prevenção; a
heterogeneidade assistencial; o aumento da carteira de
beneficiários, com a expansão da classe média, são fatores que
também devem pressionar por mudanças na saúde suplementar.