A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) está mobilizando a
sociedade civil e os médicos para que participem da consulta
pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre o novo
rol de procedimentos que entrará em vigor a partir de janeiro de
2014 e será obrigatório para todos os planos de saúde no país. A
consulta permanecerá aberta até o próximo dia 7 e vai definir a
cobertura mínima desses contratos.
Segundo informou à Agência Brasil o presidente da SBU, Aguinaldo
Cesar Nardi, a ANS vai decidir a obrigatoriedade ou não de os
planos de saúde cobrirem esses procedimentos, e a sociedade tem que
dar sua posição. “É muito justo, porque os pacientes pagam aos
planos de saúde”, comentou. Ele defendeu que os tratamentos novos e
modernos, comprovados cientificamente, deveriam estar
automaticamente contemplados no rol, para benefício dos
pacientes.
O médico ressaltou a importância de os próprios clientes de
planos de saúde se mobilizarem pela inclusão desses tratamentos na
relação da ANS. “É uma questão de cidadania. Porque qualquer
brasileiro pode entrar na página da ANS [www.ans.gov.br] e lá
pesquisar e incluir o procedimento. É uma ação democrática, como
estão ocorrendo outras manifestações pelo país”.Nardi acredita que,
dessa forma, poderão ser melhorados os procedimentos que estão
inseridos no rol, cuja mudança se dá a cada dois anos. A próxima
alteração do rol está prevista para 2015, com vigor a partir de
2016. “Muitos pacientes poderão ficar fora desses tratamentos mais
modernos se não forem aprovados agora, em 2013”.No caso específico
dos tratamentos urológicos, o médico disse que, dos 24
procedimentos solicitados pela SBU, apenas seis se encontram sob
consulta e devem ser incluídos na relação. Daí a luta da entidade
pela inclusão de alguns tratamentos mais avançados. “Essa é a nossa
luta. A gente quer que alguns procedimentos estejam no rol, para
que eles possam estar disponíveis para a população, de maneira
geral”.
Entre os procedimentos considerados importantes para a saúde
masculina, a SBU defende a inclusão do esfíncter urinário
artificial, permitindo que pacientes com incontinência tenham de
volta o seu controle urinário. “Isso acontece muito com pacientes
que tratam câncer de próstata. São, geralmente, pacientes que têm a
qualidade de vida prejudicada por causa da perda de urina. Os
pacientes, até socialmente, vivem uma situação muito drástica”.
Outro ponto defendido pela entidade são as cirurgias de próstata
a laser, indicadas para pacientes que têm problema de coagulação no
sangue ou que apresentam sequelas de um acidente vascular cerebral
(AVC). A SBU também pretende sensibilizar a ANS para inclusão dos
procedimentos de laparoscopia, dos quais somente quatro foram
incluídos na atual relação em consulta pública.
A consulta para contribuições da sociedade brasileira sobre a
proposta de norma que faz a revisão da cobertura mínima obrigatória
dos planos de saúde contratados a partir de janeiro de 1999 ou
adaptados à Lei 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde) foi aberta pela
ANS no último dia 7 de junho. A proposta contempla a inclusão de
cerca de 80 procedimentos médicos e odontológicos, englobando
medicamentos, terapias e exames, além da ampliação das indicações
de mais de 30 procedimentos já cobertos, informou a assessoria de
imprensa da agência.
De acordo com a ANS, a atualização do rol objetiva garantir o
acesso ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças por
meio de técnicas que melhorem o resultado em termos de saúde. Após
a aprovação dos novos procedimentos e caso a agência identifique a
necessidade de aumento nas mensalidades em decorrência da inclusão
das novas coberturas, isso será avaliado no reajuste dos planos de
saúde do ano seguinte, ou seja, para 2015.
As operadoras que não cumprirem o rol serão punidas com multa no
valor de R$ 80 mil. O consumidor pode denunciar uma operadora que
não esteja cumprindo o rol de procedimentos pelo Disque ANS, número
0800 701 9656, ou comparecendo a um dos 12 núcleos da agência
localizados em diversas cidades do país.