Levantamento do BofA mostra que
setor só deve voltar a ter 50 milhões de usuários de convênio
médico em 2023
Por Beth
Koike | Valor
Num cenário de consolidação, 25
operadoras de planos de saúde - a grande maioria com rede própria -
são potenciais alvos de aquisição, de acordo com levantamento
elaborado pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA). As operadoras
verticalizadas Hapvida e NotreDame Intermédica vêm puxando o
processo de aquisições e tendem a se interessar por esses
ativos.
Entre as empresas cobiçadas no
setor (veja tabela abaixo) há as operadoras cariocas Assim e Golden
Cross, cujas carteiras possuem, respectivamente, 588 mil e 200 mil
usuários, e a paulistana Prevent Senior que, graças ao seu programa
de gestão de saúde, consegue fechar no azul mesmo atendendo o
público da terceira idade. Na lista do BofA aparecem ainda grupos
de saúde que estão sendo formados por gestoras de private equity
como o Pátria, que tem uma holding de saúde batizada de Athena, e a
Kinea, que adquiriu o Centro Clínico Gaúcho em 2019.
Os ativos citados não estão
necessariamente à venda. Na verdade, são operadoras que tendem a
atrair a atenção dos consolidadores, em especial as verticalizadas
Hapvida e Intermédica que estão capitalizadas. As duas companhias
já levantaram R$ 20 bilhões no mercado desde 2018.
Os ativos cobiçados pelo setor
ficam em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio
Grande do Sul, na Bahia, em Manaus, no Espírito Santo e Piauí.
Juntas, as 25 operadoras têm cerca de 3,8 milhões de usuários.
“A maioria dos potenciais alvos com
até 50 mil usuários está em regiões onde Hapvida e NotreDame
Intermédica estão presentes. Atualmente, a única sobreposição
significativa é em Joinville (SC). Mas, no futuro, pode haver uma
preocupação com a concorrência entre as duas empresas”, destaca
relatório do BofA, assinado pelos analistas Bruno Giardino e Pedro
Mariani. Na cidade catarinense, a Hapvida montou uma operação
própria e a Intermédica adquiriu a Clinipam, com presença em
Joinville.
Entre 2014 e 2018, as operadoras de
planos de saúde que podem ter rede própria (conhecidas como
medicinas de grupo) viram sua participação de mercado aumentar de
34,9% para 38,6%. “Desse percentual, NotreDame Intermédica e
Hapvida representam 70%. Por outro lado, as seguradoras de saúde e
as cooperativas médicas perderam 190 pontos-base e 150 pontos-base,
respectivamente, no mesmo período”, informam Giardino e
Mariani.
As duas companhias conseguiram
crescer conquistando participação dos concorrentes e por meio de
aquisições. Com a crise econômica, o setor de planos de saúde
encolheu de forma drástica. Em 2014, havia 50 milhões de usuários e
hoje são 47 milhões, ou seja, 3 milhões de pessoas perderam o
convênio médico no período. Os analistas do BofA estimam que o
setor só voltará a ter 50 milhões de pessoas com convênio em
2023.
“Quase 53% dos funcionários
brasileiros estão em contratos formais, uma taxa mais alta do que
na maioria dos pares de mercados emergentes. Nesse ponto, achamos
difícil assumir níveis mais altos de formalização, a menos que o
crescimento do PIB do país se recupere mais rápido do que nossas
expectativas”, afirmam Giardino e Mariani. Segundo os analistas, a
recuperação do setor de planos de saúde é mais lenta do que o
aumento da taxa de emprego, que deve voltar a crescer até 2021.
Cerca de 65% dos planos de saúde
são vinculados a empresas que concedem o benefício aos
funcionários. Com o desemprego, muitas pessoas não conseguiram
contratar o benefício em outras modalidades (individual e por
adesão) devido à falta de oferta no mercado ou por causa do elevado
custo, cujos reajustes chegam a ser quatro vezes superior à
inflação.
Cerca de 65% dos planos de saúde
são vinculados a empresas que concedem o benefício aos
funcionários. Com o desemprego, muitas pessoas não conseguiram
contratar o benefício em outras modalidades (individual e por
adesão) devido à falta de oferta no mercado ou por causa do elevado
custo, cujos reajustes chegam a ser quatro vezes superior à
inflação.