A
visão de modernização do setor, somada ao grande potencial dos
canais de distribuição de seguros de vida, revela uma ótima
perspectiva para os próximos anos
O cenário desafiador de pandemia deixará para sempre a sua marca na
história de todas as pessoas, empresas e mercados, especialmente o
de seguros de vida. Constatamos que a repentina crise na saúde e as
consequentes medidas de isolamento social despertaram ainda mais
reflexão e conscientização das pessoas a respeito da
vulnerabilidade e finitude da vida, abrindo espaço para que o
setor, por exemplo, tenha se mantido resiliente até este momento e
com ainda mais expectativa de crescimento ao longo dos próximos
anos.
Em 2020, as contratações individuais de seguro de vida cresceram
26,2% em prêmios no comparativo com 2019, segundo dados da
Superintendência de Seguros Privados (Susep). Também de acordo com
a instituição, entre janeiro e abril de 2021 o mercado de Seguros
de Pessoas, que contempla o ramo Vida, apresentou um crescimento de
11,5% em relação a 2020, faturando cerca de R$ 15,8 bilhões. Foi
maior que o de Seguros de Automóveis, que registrou apenas 4% de
crescimento, mantendo-se como segmento de maior participação no
mercado geral, com 37%.
Adicionalmente, uma pesquisa recente da Prudential Internacional em
parceria com o Ipsos também revelou que os consumidores passaram a
dar mais importância para a garantia de uma proteção financeira
caso não possam trabalhar, já que 63% valorizam mais a necessidade
de apoio financeiro diante de doenças; 60% se preocupam mais em
proteger seu “equilíbrio” financeiro agora e no futuro; e 23%
pretendem comprar um seguro de vida ao longo de 2021.
Esse
momento tão relevante, que reflete uma mudança significativa de
comportamento dos consumidores na direção de um maior
desenvolvimento da cultura da educação financeira, ocorre
simultaneamente ao movimento de transformação digital nas
seguradoras, fruto das ações coordenadas e estratégicas das
companhias na implantação de novos projetos e funcionalidades
tecnológicas que permitiram a plena continuidade dos negócios
diante da pandemia.
Nesse sentido, identificamos hoje um mercado repleto de adaptações
e inovações que facilitarão a distribuição e o desenvolvimento de
produtos, ampliando o alcance e a velocidade de disponibilização de
novos seguros, estes, ainda mais customizados às necessidades dos
clientes, o que simplifica o processo de distribuição pela maior
aderência e receptividade. O estudo recente ‘As seguradoras da
América Latina se adaptam à era digital’, publicado pela Fitch
Ratings, uma das três maiores agências de classificação de risco ao
lado da Standard & Poor’s e da Moody’s, afirma que implantação de
um modelo operacional digital será um pré-requisito para o sucesso
no mercado segurador latino-americano nos próximos anos. Isso
exigirá um investimento significativamente maior em infraestrutura
e tecnologias inovadoras. De acordo com a pesquisa, a transformação
digital das seguradoras latino-americanas está mais avançada no
gerenciamento de vendas e foi acelerada pela pandemia porque as
companhias tiveram que distribuir seus produtos digitalmente,
incluindo a disponibilização de assinaturas digitais.
Na
esteira deste processo, enxerga-se grande potencial para a oferta
personalizada de conteúdo, aumentando o conhecimento dos clientes,
apoiando o amadurecimento de consumidores e do próprio mercado.
Inovações como o uso da Inteligência Artificial também devem ser
consolidadas como importantes ferramentas na recomendação de
produtos e serviços para os consumidores, baseando-se em seus
perfis e demandas. Teremos ainda o uso cada vez maior de
tecnologias interativas, como chatbots e ferramentas de
autosserviço, aumentando a autonomia das pessoas na gestão de seu
portfólio de produtos.
Vale
ressaltar outro ponto de evolução do setor de seguros de vida no
que se refere ao desenvolvimento de programas que tragam não só os
benefícios da proteção financeira dos seguros diante de
imprevistos, mas que também incentivem a saúde, o bem-estar e
hábitos saudáveis dos clientes, a partir do conceito de saúde
global, que envolve saúde física, mental e financeira, com foco na
longevidade. Inclusive, o cenário atual encontra-se altamente
propício para este tipo de iniciativa, visto que uma pesquisa
recente do Instituto DataSenado revelou que a saúde é a principal
preocupação dos brasileiros e um levantamento da Universidade de
Harvard destaca que a expectativa de vida no Brasil,
lamentavelmente, foi reduzida em dois anos por conta da crise na
saúde.
Em
meio a tantas expectativas positivas para o mercado, em consonância
com uma estrutura regulatória que vem permitindo e estimulando um
ambiente de inovação saudável, como o SandBox regulatório lançado
em 2020 e supervisionado pela Susep, construímos o elo fundamental
para o protagonismo do mercado de seguros de vida nos próximos
anos. Essa visão de modernização do setor somada ao grande
potencial dos canais de distribuição de seguros de vida, altamente
qualificados e especializados, além de produtos exclusivos, de
longo prazo e alto valor agregado, revela um futuro robusto que
acaba de bater à porta e traz com ele a dose certa de inovação,
concorrência e, principalmente, bem-estar, segurança e ainda mais
proteção para todos os brasileiros.
* Por David Legher, presidente e CEO da seguradora Prudential do
Brasil