O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai começar a produzir, daqui a
três anos, o medicamento dicloridrato de pramipexol, usado no
tratamento do mal de Parkinson.
O remédio, distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), precisa atualmente ser importado do laboratório alemão
Boehringer Ingelheim, pelo Brasil. A produção do medicamento
no país será possível por meio de uma parceria de Farmanguinhos com
a empresa da Alemanha, que transferirá tecnologia para o
laboratório público brasileiro. A parceria ainda vai contar com o
auxílio de um laboratório privado do Brasil, que será responsável
por produzir o insumo ativo, ou seja, a matéria-prima do
remédio. Farmanguinhos ficará responsável pela transformação
do princípio ativo em comprimidos. Daqui a três anos, o Brasil
produzirá metade da demanda do medicamento.
Em 2018, Farmanguinhos e o laboratório privado poderão atender
integralmente a demanda do SUS, não sendo mais necessário importar
o remédio. Segundo o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe da
Silva, em cinco anos, a parceria permitirá uma economia de R$ 90
milhões ao SUS. "No futuro, com a redução do custo, o Ministério
[da Saúde] poderá ampliar o acesso [da população a medicamentos],
aumentando a oferta desse próprio medicamento ou utilizando o
recurso economizado para incluir novos medicamentos na lista e
ofertá-los à população", disse.
De acordo com Farmanguinhos, cerca de 20 mil pacientes são
tratados com o dicloridrato de pramipexol, mas estima-se que 200
mil pessoas sofram de Parkinson no país. "Hoje há uma oferta por
meio das secretarias estaduais. Provavelmente, pela limitação de
recursos dos estados, devemos ter uma demanda não atendida nesse
momento. Na medida em que isso se torna um produto mais barato e
mais econômico, pode-se ampliar a oferta para os que não estão
sendo atendidos hoje." Além da economia, a produção nacional
do medicamento também é importante, segundo Hayne, para fortalecer
a indústria farmacêutica nacional, que hoje importa 80% dos insumos
ativos usados em seus medicamentos, e reduzir a dependência do
Brasil em relação à importação desses produtos.