Colocar a segurança acima dos lucros e adotar novas tecnologias para testar com mais eficiência a comida que chega à mesa do consumidor são as melhores formas de evitar surtos de intoxicação.
É o que diz Will Daniels, vice-presidente da Earthbound Farm Senior, a maior produtora de alimentos orgânicos nos EUA, que falou no último fim de semana em uma conferência de jornalismo de saúde, em Boston (EUA). Sua empresa esteve no centro das atenções em 2006, quando espinafre contaminado com a bactéria E.coli matou três pessoas e intoxicou outras 300.
"Isso mudou a minha vida. Investimos em novas tecnologias que pudessem prevenir catástrofes como aquela."Hoje, segundo ele, a empresa usa um método que permite que todos os produtos sejam testados duas vezes antes de chegar ao mercado.
Os testes são feitos de 12 em 12 horas, enquanto que, com as técnicas antigas, isso levava de três a cinco dias."Eu não podia esperar cinco dias para testar o produto no local da sua produção e, depois, no fim do processo, porque isso já significava quase a metade da vida útil do alimento."
Para o advogado Bill Marler, especializado em ações judiciais motivadas por intoxicações alimentares, a produção de alimentos envolve um negócio arriscado e um mercado competitivo, o que faz as empresas, muitas vezes, pensarem mais nos acionistas que nos consumidores.
"Isso pode comprometer a segurança do consumidor."
Ele se especializou na área a partir de uma experiência pessoal. Em 1993, foi uma das vítimas de carne contaminada pela E.coli na rede de fast-food Jack in Box. Naquela ocasião, quatro crianças morreram e centenas de pessoas foram parar em hospitais.
Para Michael Taylor, um dos comissários da FDA (vigilância sanitária dos EUA) na área de alimentos, o desafio maior está no controle dos alimentos importados, que respondem hoje por 80% dos mariscos e 20% dos vegetais. Segundo ele, isso exigirá nova regulamentação.