As reportagens exibidas nesta semana pelo SBT Brasil que mostra
médicos saindo do Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama
(RJ), logo após baterem o ponto, provocou a exoneração do
secretário de Saúde do município, José Gomes de Carvalho, nesta
quarta-feira (28). Carvalho também fazia parte do esquema de
"médicos fantasmas" e chegou a parar com o carro na calçada para
assinar o ponto e ir embora.
Um médico que já trabalha no hospital há oito anos e não quis se
identificar afirmou durante entrevista à emissora que o diretor do
hospital também está envolvido no esquema. "Há médicos que recebem
e repassam uma parte para o diretor, há médicos que recebem porque
são apadrinhados políticos", afirmou.
Procurado pela reportagem do noticiário, o diretor do hospital,
Carlos Alberto Peixoto Figueiredo Júnior, não quis comentar o
assunto. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde,
ele tem cinco empregos, além do cargo de diretor, e trabalha 90
horas por semana.
A médica Valéria Cristina Ferreira também aparece na reportagem
pensando em como sair do hospital e escapar do repórter após bater
o ponto. "Eles estão nos dois portões. Sabem quem está vindo só
para marcar o dedo. Ela tem dois empregos na unidade e é
coordenadora da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Araruama. De
acordo com o SBT Brasil, ela foi afastada do cargo.
Outros "médicos fantasmas" citaram que algumas especialidades
tinham esquema de sobreaviso e confirmaram que o diretor sabia de
tudo. Um deles foi Benevuto de Mesquita Soares, que apareceu na
primeira reportagem exibida pelo canal. "Foi a forma que eu fui
contratado. Seria estranho ficar aqui três neurocirurgiões, tres
cirugiões e três anestesitas esperando os pacientes chegarem",
declarou.
A Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, após a
exibição da primeira parte da reportagem, na segunda-feira (26), já
havia afirmado que foi aberta uma sindicância por parte da
Subsecretaria e Corregedoria da Saúde para investigar o caso.
De acordo com a secretaria, os nomes dos médicos envolvidos na
fraude serão enviados ao Conselho Regional de Medicina do Estado do
Rio de Janeiro (Cremerj) para que a entidade investigue a conduta
médica desses profissionais.
Caso seja comprovada a fraude, os médicos poderão ser demitidos
e a Secretaria solicitará que a Procuradoria Geral do Estado entre
com medidas judiciais cabíveis para que haja o ressarcimento desse
dinheiro pago aos profissionais que não trabalharam.
De acordo com a reportagem do SBT, o hospital é utilizado por
moradores de 11 cidades da Região dos Lagos, que têm juntas 770 mil
habitantes.