A notícia da presença da superbactéria NDM-1 numa paciente que
ficou internada no HemoRio, instituição de referência para
tratamento de pacientes com doenças do sangue e principal banco de
sangue do Estado do Rio de Janeiro, fez cair o número de doadores
quase à metade.
O Hemorio esclarece que não há risco para a saúde dos voluntários,
já que a área hospitalar, onde estava a criança contaminada, fica
em um prédio diferente daquele do centro de doação de sangue. Não
existe ligação física entre os dois.
A criança, que tem leucemia, já recebeu alta. As internações no
Hemorio não estão suspensas. Uma parte dos leitos foi desativada e
está sendo higienizada, e poderão ser reabertas até o fim dessa
semana.
Resultado de uma mutação genética, a bactéria, detectada primeiro
no Rio Grande do Sul, anula o efeito de antibióticos e, em casos de
organismos muito debilitados, pode levar à morte.
Nesta terça-feira, 17, foram 170 coletas no salão do HemoRio,
quando o normal são 300 bolsas. A presença de doadores já vinha
baixa nas últimas semanas: em agosto, entre os dias 1º e 17, foram
4.892 comparecimentos e 3.442 coletas; este mês, no mesmo período,
3.965 comparecimentos e 2.833 coletas.
"O doador está apavorado, o que é perigosíssimo. Temos que deixar
claro que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Daqui a pouco,
se chegarmos ao estoque crítico, a gente vai ter que parar de
fornecer para as cirurgias eletivas", disse a diretora técnica do
HemoRio, Vera Marra.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, nenhum dos três pacientes
colonizados com a bactéria no Rio - houve outros dois casos, um
paciente internado em Campos, no Norte Fluminense, e outro em Duque
de Caxias, na Baixada - desenvolveu infecções. Todas unidades pelas
quais eles passaram estão sendo rastreadas. Não há registros de
óbito, nem doenças ocasionados pela bactéria até o momento.
O Hemorio abastece de sangue e derivados cerca de 200 unidades de
saúde do Estado, como grandes emergências e maternidades. Para
atender a todo o Estado, seria preciso a colaboração entre 3% e 5%
dos moradores seguissem a prática de doar pelo menos três vezes por
ano, mas o índice em geral é de menos de 2%. Pode doar quem tem
entre 16 e 68 anos, mais de 50 quilos e está bem de saúde. Não há
necessidade de jejum.