Na Austrália, 90% dos fumantes sabem que fumar causa
prejuízos à saúde e 60% deles demonstram desejo de largar o vício.
Lá, como acontece aqui, buscar cigarros com baixo teor de nicotina
é uma tentativa comum.
"Esses pobres fumantes caíram no mito de que cigarros com baixo
teor de nicotina oferecem menos nicotina a seus corpos", conta o
australiano Karl Kruszelnicki no livro "Grandes Mitos da
Ciência".
Segundo o autor, a nicotina é uma substância tão viciante
que 40% dos fumantes que tiveram a laringe e as cordas vocais
retiradas por doença relacionada ao tabagismo voltam a fumar assim
que se recuperam.
Como as versões "light" oferecem menos nicotina, a pessoa acaba
fumando mais e com mais vontade. O resultado é o aumento da dose de
monóxido de carbono inalado e a falsa sensação de segurança.
"Infelizmente, quando você suga mais num cigarro aceso, você também
inala mais monóxido de carbono", diz. "Isso força o seu corpo a
produzir mais hemoglobina, o que deixa o seu sangue mais viscoso
--o que aumenta a sua chance de um derrame".
Cigarros com baixo teor de nicotina mantêm os consumidores ativos,
mesmo aqueles que querem parar de fumar. "As indústrias de tabaco
até conseguem fazer cigarro sem nicotina, mas elas jamais sonhariam
em fazer isso, porque aí ninguém compraria".
"Grandes Mitos da Ciência" é o 23º livro de Kruszelnicki inspirado
pelos temas discutidos em sua coluna Mythconcepcions. No volume,
ele investiga verdadeiras "lendas urbanas", como se Einstein foi
reprovado no colégio ou se usamos só 10% de nossos cérebros.
Formado em física, matemática, engenharia biomédica e medicina,
Karl Kruszelnicki estudou astrofísica, ciência da computação e
filosofia. Ele começou a carreira no rádio e na TV em 1981 e
publicou mais de 30 livros.