Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo revela que, em média, sete mulheres vão para a mesa de cirurgia, diariamente, por causa da endometriose. No ano passado, foram realizadas 2.606 operações para tratar a doença. Em 2009, foram cerca de 2.500 procedimentos.
Em 2012, o hospital estadual Pérola Byington, unidade da Secretaria especializada em saúde da mulher, na capital paulista, realizou 3.114 atendimentos de pacientes com endometriose, com 105 cirurgias.
A doença é caracterizada pela presença de células do endométrio, mucosa que reveste o útero, fora do lugar. Ou seja, ao invés dos resíduos saírem na menstruação, como deveria ocorrer normalmente, sobem pelas trompas e caem na parede interna da barriga.
O lugar mais frequente onde ocorre a endometriose é o ovário, mas ela pode atingir todo o útero por fora, cavidade abdominal, rim, intestino e, até mesmo, o pulmão. Entre os principais sintomas estão cólica aguda, sangramento intenso durante o período menstrual, dor durante a relação sexual e infertilidade.
A causa da doença ainda não está estabelecida, mas evidências mostram que a combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos pode contribuir para a formação e o desenvolvimento da endometriose. Embora 70% a 90% das mulheres apresentem menstruação retrógrada, apenas 15% irá desenvolver o problema.
Para o diretor do setor de ginecologia do hospital, André Luiz Malavasi, “essa doença afeta muito a parte psicológica da mulher e os sintomas são extremamente incômodos”.
— Ela não consegue trabalhar, se divertir ou ter relações sexuais e acaba ficando irritada com a situação. Nos casos em que há infertilidade, ainda é preciso lidar com a frustração. Além disso, na maioria das vezes, o companheiro não entende o que a mulher está passando, o porquê de ela não conseguir ter relações e isso pode acabar estremecendo o relacionamento.
Tratamento
Em casos leves de endometriose, o tratamento pode ser feito por meio da pílula anticoncepcional, assim, a paciente para de menstruar e a doença não ocorre mais. Para casos mais graves, é possível utilizar DIU com progesterona, pois alivia os sintomas.
No entanto, o método mais efetivo é a cirurgia através de videolaparoscopia — método no qual se utiliza uma microcâmera introduzida através do umbigo. Por meio de uma pequena incisão, é possível buscar os focos de endometriose e cauterizá-los, limpando a cavidade abdominal. Trata-se de uma técnica extremamente efetiva e minimamente invasiva.
Se o tratamento for feito adequadamente, as chances da doença voltam diminuem. Em casos extremos ou em que a paciente não queira mais engravidar, todo útero é retirado por meio de uma histerectomia — que também é conhecida como laparotomia ou laparoscopia.