Comentarista ressalta que saúde é dever do estado, mas falta do serviço público garante faturamento das empresas privadas
Mais um caso de desrespeito ao consumidor e ao ser humano, que paga muito pelo serviço, mas não precisaria. No sábado, no Hospital Walfredo Gurgel, de Natal, no pronto socorro que recebe politraumatizados, um paciente com lesões expostas e sem pulso. Foi chamado o cirurgião vascular, mas não havia na escala.
Em Brasília, no hospital público, uma paciente chegava de hospital na periferia, com indicação de hemorragia interna. Abriu-se e se descobriu um buraco na veia cava inferior. Chamou-se o cirurgião vascular, mas não havia. Dedo no buraco, dois cirurgiões tentavam grampear a origem da hemorragia, mas o material era velho e não funcionou, os fios para sutura eram impróprios. Levaram cinco horas para salvar a vida da paciente.
São histórias de diferentes lugares e tempos, com problemas semelhantes, de governos diferentes. Tudo isso para mostrar porque as pessoas procuram os planos de saúde, embora a Constituição diga que é direito de todos e dever do Estado. Procuram planos de saúde porque não confiam no serviço estatal. Por isso procuram escola privada; segurança privada.
O Estado, que arrecada muito, fica devendo o serviço público do mesmo tamanho. E o cidadão paga em dobro. A falta do serviço público garantido pela Constituição garante o faturamento das escolas privadas, da segurança privada e dos planos de saúde.