Uma das concorrências mais desleais para os corretores de seguro é o seguro pirata oferecido pelas associações. O estado de Minas Gerais é o que tem o maior número de empresas que trabalham no sistema de rateio de perdas – tipo de cobertura que não oferece segurança ao cliente e não é regulamentada.
Filomena Branquinho, presidente do Sincor-MG, diz que o sindicato tem um cadastro com mais de 180 associações denunciadas. Ela explica que o Sincor não tem poder de fiscalização. Mas assim que toma conhecimento da existência desse tipo de empresa, recolhe no cartório de Registro de Títulos e Documentos toda a documentação registrada da mesma, junta com folhetos, e-mail e informações que chegam sobre a oferta do Seguro Pirata pela empresa, e denúncia aos órgãos competentes.
“Essas associações surgiram em Minas Gerais. E desde 2007, o sindicato vem atuando no combate a essa associações que vendem coberturas no sistema de rateio de perda. Nós temos várias delas denunciadas através de representação no Ministério Público, de denúncia na Policia Federal, e na Susep. Mas elas saíram de Minas, se disseminaram e já estão atuando em todo o Brasil”.
Segundo Filomena, a Fenacor formou um grupo composto pelo presidente do sindicato do Distrito federal, do Paraná, e ela, de Minas Gerais, para fazer um trabalho de mapeamento dessas associações em todo o Brasil e verificar o andamento dos processos de denunciados.
Ainda de acordo com a presidente do Sincor-MG, vários corretores perdem clientes todos os dias para essas associações piratas. É o caso de Helder Barbosa, sócio-proprietário da Todo Risco Corretora de Seguros e presidente do Clube dos Corretores de Minas Gerais.
“Já perdi cliente para a associação, e ele ainda indicou um amigo que tinha feito a cotação comigo. Nem sempre a gente consegue evitar a perda do cliente. A gente procura alertar do risco do tipo de empresa que é: que não está regulamentada, não constitui reservas, que no final das contas o barato pode sair caro. Nós damos esse dado técnico e legal para o cliente, mas, mesmo assim, tem gente que só olha o preço e prefere correr o risco”.
Para Helder, a luta contra as associações não pode partir apenas dos corretores de seguro.
“Os corretores já são extremamente sacrificados e penalizados no dia a dia de diversas formas: seja na concorrência desleal e predatória com as próprias associações, com outros colegas, ou por vendas por outros canais. Então, eu acho que essa luta precisa ser em conjunto. É importantíssimo que as entidades sindicais e a federação levantem essa bandeira e seja uma cruzada ininterrupta. Não se pode jogar apenas nas costas do corretor essa questão da mobilização. É muito cômodo para nossas lideranças jogar esse peso todo nas costas do corretor. O corretor sozinho não vai conseguir mudar, a gente não da conta dessa luta sozinho”.
Ele ainda faz uma crítica e pede mais iniciativas das entidades e instituições no combate aos Seguro Pirata.
“Acho que a mídia institucionalizada, as entidades e a Susep deveriam fazer um trabalho mais efetivo. Eu quase não vejo seguradora, sindicato ou Susep espontaneamente e com frequência debatendo e alertando sobre esse risco na mídia”.