O combate à corrupção e ao
desperdício de recursos na área da saúde é o foco da Frente
Parlamentar em Defesa do Sistema Nacional de Auditoria do Serviço
Único de Saúde (SUS), criada na Câmara dos Deputados em maio. Os
deputados querem a reestruturação dos serviços de fiscalização e
controle interno do SUS.
Segundo observa a deputada Erika
Kokay (PT-DF), que propôs a formação do grupo parlamentar, o
orçamento da União reserva R$ 106 bilhões para o setor em 2014.
Desse total, 70% são repassados para estados e municípios, que
prestam contas apenas por meio de relatórios, dando margem a
irregularidades. O SUS tem uma auditoria própria que já conseguiu
devolver aos cofres federais mais de R$ 800 milhões, mas, de acordo
com Erika, isso não é suficiente.
“É preciso ter esse Sistema
Nacional de Auditoria do SUS funcionando para que possamos coibir
constatações que tivemos pela própria auditoria do serviço, que
indica, por exemplo, em um único dia, 201 internações de uma mesma
pessoa em um único dia no interior do Piauí”, argumenta. A
parlamentar acrescenta que o Departamento Nacional de Auditoria do
SUS (Denasus) listou 816 sessões de fisioterapia em nome do mesmo
paciente e 29.755 internações pelo CPF de um único
agricultor.
Falta de
pessoal
Erika Kokay destaca ainda que a
situação da auditoria é crítica, uma vez que 60% dos servidores que
desempenham essa função podem pedir aposentadoria a qualquer
momento. “Temos 758 profissionais que trabalham dessa forma. Não
temos o cargo estabelecido de auditor do SUS, são os servidores do
Ministério da Saúde que cumprem essa função de forma absolutamente
exemplar. 60% desse contingente estão com abono
permanência.”
Além de um sistema nacional, a
deputada também defende a implantação de auditorias municipais e
estaduais para acabar com as fraudes que corroem as verbas da
saúde. Ela lembra que, dos mais de cinco mil municípios
brasileiros, apenas 168 contam com fiscalização específica para o
setor da saúde.