No Rio de Janeiro, meta é incluir pelo menos 70% das famílias no sistema de atenção até 2016
O acompanhamento de perto dos pacientes, nos consultórios das clínicas médicas ou mesmo em casa pode reduzir em 80% os problemas de saúde da população. A chamada medicina de família visa a detectar precocemente e tratar as doenças logo em sua fase inicial, evitando que se agravem com o tempo, o que significa mais custos para o sistema e sofrimentos para as pessoas.O assunto está sendo debatido por médicos e profissionais de saúde reunidos no 4º Congresso da Associação de Medicina de Família e Comunidade do Estado do Rio de Janeiro (Amfac-RJ), que prossegue até o próximo sábado (23).“Não é mais aquela história do postinho, que faz uma medicina de pobre para pobre, e sim médicos com grande qualidade, que conseguem fazer um trabalho bom e gratificante junto às pessoas, com respeito. Essa especialidade da medicina de família, que temos hoje, é uma retomada dos médicos que iam às casas das pessoas, mas com arcabouço teórico e conceitual; com técnicas específicas, que permitem um trabalho com muito mais qualidade. Cerca de 80% dos problemas de saúde que atingem a população podem ser resolvidos na atenção primária”, disse Rodrigo Pacheco, conhecido como Maranhão, diretor da Amfac-RJ e médico de família na Rocinha, zona sul do Rio, com cerca de 70 mil habitantes.O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, confirmou os dados apresentados pelo diretor da Amfac-RJ e disse que a meta é chegar a 2016 com pelo menos 70% das famílias incluídas no sistema. “Com profissionais qualificados e unidades estruturadas é possível resolver de 80% a 85% dos problemas do dia a dia. Na maioria das vezes, quando ficamos doente, não precisamos de um hospital ou um centro cirúrgico, mas um bom cuidado e acompanhamento, numa unidade de atenção primária”, disse Soranz.Segundo ele, o programa de saúde da família é uma prioridade no Rio de Janeiro. “Em 2009 tínhamos 3% de cobertura – a menor do país. Hoje já temos 45% de cobertura, e a nossa meta é chegarmos a 70% em 2016. Esperamos avançar ainda mais nos próximos anos. É um desafio grande, mas é factível, pois este é o caminho para a cidade do Rio. Se a gente não tiver uma atenção primária organizada, como há em outros países, vai ser difícil termos um sistema de saúde mais equânime”, disse Soranz, que assumiu a secretaria recentemente.Segundo ele, são 900 equipes de família no município do Rio, e a meta é chegar a 1.300 equipes. “Tem uma quantidade grande de médicos que precisam ser formados. A cidade tem hoje o maior número de residentes de medicina da família do país, com 100 vagas para o primeiro ano e mais 100 para o segundo ano. Isso é fundamental para formarmos recursos humanos para ocupar as vagas das novas unidades que serão inauguradas”, destacou.Para o diretor da Amfac-RJ, a experiência do Programa Mais Médicos, que trouxe para o país milhares de profissionais, principalmente cubanos, vai na linha da medicina de família, e demonstrou ser bem sucedida. “Temos 14 mil médicos novos no país, e eu não conheço nenhum médico desempregado por causa disso. O país conseguiu absorver toda essa mão de obra. Nós tínhamos uma necessidade de médicos inegável. Existiam postos de trabalho que não eram ocupados”, disse Maranhão.Informações sobre a programação do congresso e outros dados sobre medicina de família podem ser acessados no endereço eletrônico amfacrj.org.