A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira
(14) flexibilizar a importação do CBD (canabidiol ) no Brasil. A
substância derivada da maconha é utilizada no tratamento de doenças
graves e síndromes raras. A diretoria da Anvisa retirou o CBD da
lista de produtos proibidos e o reclassificou como substância
controlada. Com a mudança, o remédio também poderá ser produzido no
País.
A resolução que estabelece os
critérios para a importação, no entanto, ainda está em análise pela
Anvisa. De acordo com o diretor da agência, Jaime Oliveira, a
resolução deve sair em até 30 ou 40 dias. Ate lá, as famílias que
precisam do medicamento vão continuar comprando o CBD por meio de
autorização especial.
Até o momento, a agência recebeu
374 pedidos de importação do produto para uso pessoal. Dessas
solicitações, 336 foram autorizadas, 20 aguardam o cumprimento de
exigência pelos interessados e 11 estão em análise pela área
técnica. Há, ainda, sete arquivamentos — três mandados judiciais
cumpridos, duas desistências e três falecimentos de pacientes logo
após a entrada do pedido na agência.
A Anvisa começou a discussão sobre
o tema em maio de 2014, mas, por falta de consenso, nenhuma decisão
conclusiva havia sido adotada. O assunto teve repercussão nacional
a partir da divulgação de um documentário que mostra a história de
um casal de Brasília (DF) que importava de forma ilegal o
medicamento dos EUA. Eles usam o CBD para o tratamento da filha
Anny, de seis anos, portadora da síndrome CDKL5. O casal conseguiu
autorização da Anvisa para comprar o remédio.
Antes da votação, a mãe de Anny,
Katiele Fischer, fez sustentação oral diante dos diretores da
Anvisa e defendeu a liberação do uso do medicamento. Visivelmente
emocionada, ela argumentou que após a utilização do CBD sua filha
apresentou melhora significativa com a redução de convulsões.
— Essa reclassificação vai abrir as
portas e avançar os estudos nas universidades. As pessoas vão poder
pesquisar sobre o assunto.
Em seu parecer técnico, o diretor
da Anvisa, Jaime Oliveira, se posicionou a favor da retirada do
canabidiol da lista de proscritos. Ele citou pesquisas e estudos
sobre a utilização do CBD para sustentar seu voto.
— A literatura científica
disponível dá indicativo que o CBD pode apresentar resultados
terapêuticos positivos no tratamento de algumas patologias sem
efeitos colaterais documentados, pelo menos nos limites dos estudos
realizados até o momento.
Sobre a produção no Brasil do
medicamento, Oliveira disse que depende das empresas interessadas
em registrar o medicamento. Ele completou que uma empresa
estrangeira já fez o pedido mas ainda não há previsão de
analise.
Suspenderam a votação da resolução
que estabelece os critérios para a importação. Ele disse que a
resolução deve sair entre 30 e 40 dias. Ate la, as famílias vão
continuar comprando o canabidiol por meio de autorização
especial.
Em dezembro do ano passado, o CFM
(Conselho Federal de Medicina) autorizou médicos a prescreverem o
medicamento para o tratamento de crianças e adolescentes com
epilepsia. No entanto, de acordo com o parecer do órgão, apenas
neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras podem prescrever a
substância.