Cerca de 92% dos profissionais ouvidos
pelo Datafolha denunciam interferências das empresas para reduzir
solicitação de exames e internações
Em todo o Brasil, as pressões dos planos de saúde sobre os médicos
são enormes, conforme aponta pesquisa Datafolha inédita,
encomendada pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pela
Associação Médica Brasileira (AMB), com o apoio do Conselho Federal
de Medicina (CFM). A maioria absoluta dos profissionais brasileiros
denuncia interferências das empresas para reduzir solicitação de
exames, para reduzir internações, além de inúmeros outros ataques
ao livre exercício da medicina. Os números foram divulgados nesta
quarta-feira (1º), pela APM.
O levantamento tem o intuito de conhecer a opinião dos médicos do
Brasil sobre a atuação das empresas de saúde suplementar. Foram
entrevistados profissionais cadastrados no Conselho Federal de
Medicina (CFM) que atendam a planos ou seguros de saúde
particulares e tenham trabalhado com, no mínimo, três planos ou
seguros saúde atualmente e/ou nos últimos cinco anos.
Foram realizadas 2.184 entrevistas finais, contemplando os 26
estados brasileiros e o Distrito Federal, entre os dias 23 de junho
e 24 de agosto de 2010. A margem de erro máxima, para mais ou para
menos, considerando um nível de confiança de 95%, é de cinco pontos
percentuais.
Principais números
O médico brasileiro que trabalha com planos ou seguros saúde
atribui, em média, nota 5 para as operadoras, em escala de zero a
dez. Preocupante é que 92% dos médicos afirmam que os planos de
saúde interferem em sua autonomia técnica. Aliás, é possível
afirmar que a percepção sobre a interferência dos planos ou seguros
na autonomia técnica profissional é um consenso entre todas as
regiões do país, com índices que variam entre 90% e 95%.
Entre os tipos de interferências praticadas pelas operadoras de
planos ou seguros saúde, os médicos apontam principalmente as
glosas de procedimentos ou medidas terapêuticas (78%) e a
interferência no número de exames e procedimento (75%). Citadas por
cerca de sete em cada dez, vale destacar as restrições a doenças
pré-existentes e a interferência em atos diagnósticos e
terapêuticos mediante designação de auditores.
Avaliação
Para o 2º vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá, essas
interferências tem caráter antiético quando pretendem a redução de
custos contrariamente aos interesses e ao bem-estar dos pacientes.
"Colocamos a necessidade de que isso tenha fim e evocamos a atuação
da agência reguladora, a Agência Nacional de Saúde Suplementar,
para mediar essa questão", diz.
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