A conquista do título brasileiro, o
primeiro do Fluminense em 26 anos, é o ápice de uma longa parceria
que ajudou a resgatar o clube de seus anos mais delicados, mas
também foi apontada como razão de muitos fracassos e temporadas
pífias. A seguradora de saúde Unimed está ligada ao Tricolor
carioca desde o fim de 1998, justamente o ano de sua maior
depressão, a queda para a Série C.
Tudo indicava que a história do Flu repetiria a de outros clubes
outrora grandes que perderam o rumo. Mas surgiu a Unimed, comandada
por um tricolor fanático, o médico Celso Barros, disposta a
investir na desprestigiada marca. Naquele ano, o acordo era
simplório. Não havia um investimento anual fixo. A seguradora
pagava R$ 50 mil por partida ao clube e ajudava a custear despesas
de viagem. Veio o título da Terceira Divisão, uma virada de mesa no
ano seguinte que permitiu ao clube retornar à elite sem jogar a
Série B, e os valores foram crescendo ano a ano.
Os números atuais são mantidos em sigilo por uma cláusula no
contrato, ao contrário de outros clubes. Estima-se, de acordo com
pessoas ligadas ao clube, que a operadora de saúde investiu R$ 30
milhões este ano pela exposição de sua marca na camisa do time e em
contratações. É difícil calcular o montante total, no entanto,
porque a parceria entre Unimed e Fluminense não segue os padrões
dos demais clubes brasileiros.
A maior parte do dinheiro aplicado não passa pelo clube. Não são os
dirigentes que determinam o destino dos recursos. O patrocinador,
representado por Celso Barros, investe diretamente na vinda de
reforços e no pagamento dos salários dos jogadores. Apenas com os
ganhos de Fred, Deco e Muricy Ramalho, são R$ 1,7 milhão
mensais.
Envolto em uma dívida que supera os R$ 340 milhões, o clube não tem
fluxo de caixa para manter a folha salarial em dia sem o auxílio
externo. Se o técnico quer trazer um jogador e Celso Barros
simplesmente não observa interesse na contratação do atleta, não há
negócio. Essa ingerência clara é o principal motivo das muitas
críticas ao atual formato do acerto, e o cerne da discordância
entre muitos tricolores.
Em 12 anos determinando os rumos do futebol do clube, porém, foram
poucas as taças levadas para as Laranjeiras. Sem contar a conquista
da Série C e o Brasileiro deste ano, são apenas três títulos de
Primeira Divisão: dois Estaduais (2002 e 2005) e uma Copa do Brasil
(2007), além dos vice da Libertadores (2008) e da Sul-Americana
(2009). As muitas contratações a cada ano e o desmonte quase anual
da equipe também levaram o Fluminense a sofrer com a ameaça de novo
descenso em 2003, 2006, 2008 e 2009.
Dinheiro a rodo
R$ 30 milhões é o valor estimado que a Unimed investiu no
Fluminense nesta temporada entre patrocínio da camisa e contratação
de jogadores
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