Proporção de entrevistados satisfeitos ficou em 28,9% e de insatisfeitos, em 28,5%
Estudo divulgado nesta quarta-feira (09) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que 42,6% dos brasileiros classificam os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como regulares. A proporção de entrevistados satisfeitos ficou em 28,9% e de insatisfeitos, em 28,5%.
Para a diarista Judite Aparecida Santana, de 47 anos, os serviços do SUS são regulares por conta da demora para marcar consultas e outros atendimentos. "Minha saúde não é nada boa, tenho câncer no estômago e não tenho condição de pagar uma consulta pré-operatória, recorri ao SUS para tentar marcar a consulta e só consegui para daqui a cinco meses, não sei como estarei até lá" disse.
O estudo ouviu, no total, 2.773 pessoas no período de 3 a 19 de novembro de 2010. O objetivo foi avaliar a percepção da população sobre serviços prestados pelo SUS. A pesquisa incluiu também perguntas sobre planos e seguros privados de saúde.
Entre os que tiveram alguma experiência com o SUS nos últimos 12 meses, a proporção de opiniões de que os serviços são muito bons ou bons foi maior (30,4%) do que entre os que não usufruíram dos serviços (19,2%) no período.
O vendedor Anderson dos Santos, de 40 anos, precisou do sistema público de saúde há dois anos para se submeter a uma cirurgia de coluna e não tem do que reclamar. "O SUS é bom, salvou minha vida, há dois anos descobri uma hérnia de disco e estava sem andar, entrei com o pedido de cirurgia pelo SUS e, um mês depois, fui operado. Poderia ter ficado paraplégico", contou.
O estudo do Ipea também mostra que a proporção de opiniões de que os serviços prestados são ruins ou muito ruins é maior entre os entrevistados que não tiveram experiência com o SUS (34,3%), em comparação com os que tiveram alguma experiência nos últimos 12 meses (27,6%).
Em ambos os grupos, predominam as avaliações do SUS como regulares.
Consistência nas informações
Para a técnica de Planejamento e Pesquisa do órgão, Luciana Mendes, as opiniões da população foram "muito mais consistentes" do que os resultados que vêm de outros sistemas e dos meios de comunicação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS).
A margem de erro da pesquisa do Ipea é de 2% para mais ou para menos. De acordo com Luciana, o fato de terem sido ouvidos cidadãos de todos os estados, regiões e de grande número de municípios indica "um acerto sobre a visão do quadro atual da saúde no país". Para ela, o trabalho do Ipea "tem validade interna muito importante".
Um dos resultados do levantamento, feito em novembro do ano passado, é que grande parte do público acha que seria melhor atendido se tivesse um plano de saúde privado. O SUS tem uma demanda de 120 milhões a 130 milhões de pessoas. A expectativa do público em relação aos planos de saúde "não é real", segundo a pesquisadora, pois o cliente "nem sempre consegue marcar com rapidez sua consulta, nessa área também faltam profissionais e há ainda deficiência de equipamentos".
Nesse ponto, é sabido, disse Luciana, que o sistema público tem equipamentos de boa qualidade, assim como bom nível técnico. A pesquisa não revela dificuldades com equipamentos e materiais, pois o público não tem muito conhecimento nessa área, que fica afeta aos médicos e enfermeiros, esclareceu.
Ela afirmou que a espera por atendimento é maior em muitos países, como é o caso da Inglaterra, onde pode levar até um ano, mas as pessoas sabem que vai ocorrer. Por isso, no Brasil, uma espera de até seis meses é considerada um absurdo, uma vez que não há certeza quanto ao atendimento. A espera leva a uma busca dos pacientes pelos hospitais, o que nem sempre resulta em solução para o problema.
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