Mesmo com um custo médio de R$ 250 por ano, apenas 13,3% das 68 milhões de residências brasileiras têm seguro, aponta estudo feito pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). O percentual representa 9,1 milhões de apólices contratadas.
O índice de penetração é ainda mais baixo fora das regiões Sul e Sudeste, onde 16,6% e 20,5% das residências estão protegidas, respectivamente – os seis maiores estados do eixo concentraram 84,4% do total de prêmios de 2014.
No Norte, que possui o menor número de apólices, por exemplo, somente 3,07% das casas e apartamentos possuem seguro, e no Nordeste, 3,46% dos domicílios.
Segundo Neival Freitas, diretor executivo da FenSeg, a baixa penetração é reflexo, principalmente, da falta de informação sobre o seguro, de maneira geral, e o valor dos prêmios (preços do seguro) pela população, além de o desinteresse dos corretores em oferecer o produto.
“O consumidor tem essa percepção de que o seguro é caro, porque compara com o automóvel, quando na verdade não é”, disse, em evento realizado ontem pela FensSeg em parceria com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg).
De acordo com Jarbas Medeiros, vice-presidente da Comissão de Seguros Massificados da FenSeg, a apólice costuma custar 0,2% do conteúdo segurado (que inclui a estrutura do imóvel e os bens internos, como TV e móveis), no caso de apartamentos, e entre 0,3% e 0,4% do conteúdo, no caso de uma casa.
Os executivos ressaltaram que o prêmio leva em conta o quanto custaria a reconstrução do imóvel e não o valor de mercado do domicílio.
“Se a residência tiver piso de mármore e vários utensílios, por exemplo, o valor segurado vai ficar maior e, consequentemente, o preço também”, afirmou Danilo Silveira, presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da FenSeg. Ele explicou que o terreno, por outro lado, não entra no cálculo. “Um casa em um bairro nobre não necessariamente terá um prêmio alto”, concluiu o executivo.
Prêmio x Comissão
O seguro residencial gerou R$ 2,2 bilhões de prêmios em 2014, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Como, entretanto, o custo individual da apólice é baixo, se comparado com outros ramos, como o de automóvel, o seguro residencial costuma atrair pouco interesse dos corretores, o que impacta na distribuição do produto.
Medeiros apontou, por outro lado, que o índice ae renovação dos seguros residenciais fica na casa dos 90%. Para ele, a venda do produto permite ganhos de escala e de escopo.
“Um seguro residencial costuma ser estendido por cinco ou 10 anos. Então, embora o investimento inicial pareça grande, o corretor tem a garantia de ter um cliente na carteira por um longo tempo e, eventualmente, pode até oferecer outros seguros, como o de automóvel, que tem uma comissão maior”, avaliou.
O executivo apontou ainda que a variação de preços da apólice não é tão grande quanto do seguro de automóveis, por exemplo, cujo cálculo do preço suscetível a um maior número de variáveis.
Coberturas
As coberturas básicas do seguro residencial são incêndio, raio e explosão. Já as coberturas adicionais normalmente contratadas são danos elétricos e roubo – que, segundo Medeiros, são as que mais encarecem a apólice, por conta dos maiores riscos -, além da responsabilidade civil familiar, que cobre danos a terceiros.
De acordo com o superintendente de Seguros Massificados da Bradesco Seguros, Cláudio Cabral de Assunção, as proteções devem ser contratadas conforme a região e as necessidades do segurado. “No Sul, por exemplo, que tem muitos alagamentos, seria interessante contratar uma cobertura de riscos naturais”.
Outro ponto que atrai pessoas para a apólice residencial são as chamadas coberturas assistenciais ou emergenciais, que incluem serviços como conserto de problemas hidráulicos e panes elétricas, substituição de telhas e chaveiro.
Segundo Silveira, cerca de 30% dos clientes que contratam o seguro o acionam. A maior parte desse montante, no entanto, é direcionado para as coberturas assistenciais. “O índice de sinistros efetivos é muito baixo”, apontou. O executivo lembrou ainda que as coberturas assistenciais tem um limite de uso.