Se depender da intenção de consumo da
população, 2011 pode ser um ótimo ano para as vendas de planos de
seguro- -saúde. Segundo levantamento do Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar (IESS), o plano de saúde é o segundo item na
lista dos 12 mais desejados por 1.059 entrevistados em oito regiões
metropolitanas. O único sonho de consumo que o supera é o da casa
própria.
A busca do bem estar pessoal, especialmente no que se refere aos
filhos, é a mola propulsora da compra. "Muitas vezes este
cliente não compra o plano de saúde para si. Ele costuma dizer que
só vai ao médico quando está muito mal, mas que, para o filho, não
pensa duas vezes", diz Márcio Falcão, consultor do instituto de
pesquisa Data Popular.
Segundo Falcão, para atrair e fidelizar esta parcela do público, as
empresas devem adotar um novo paradigma, alinhado coma cultura
popular. São inúmeras ações que vão da criação do produto às formas
de comunicação com o consumidor, que precisa sentir que o produto é
acessível para ele."No que se refere ao plano de saúde, o
consumidor da classe C busca o pronto atendimento, sem abrir mão da
qualidade. Ele não faz questão dos hospitais da elite, luxuosos.
Mas não abre mão de que o hospital modesto que lhe presta
atendimento funcione bem."
O resultado está em linha com a avaliação da Federação Nacional de
Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que reúne 15 operadoras que
atendem a 19 milhões de pessoas, o equivalente a 33% dos clientes
da saúde suplementar no Brasil. Para a FenaSaúde, o setor deve
crescer8% em número de beneficiários este ano.
"Mas poderia crescer de forma mais expressiva, considerando a
grande mudança na composição das faixas de renda da população, em
virtude de políticas públicas como a valorização do salário mínimo
e programas de renda como o Bolsa Família", diz José Cechin,
ex-ministro da Previdência e Assistência Social e diretor-
-executivo da FenaSaúde. "Essas pessoas querem ter um plano, mas
sua renda ainda não alcança. As operadoras estão atentas a este
público e buscam desenhar planos mais adequados." Segundo ele,
uma das dificuldades para a criação de novos produtos é o marco
regulatório, que engessa a criatividade das empresas e deixa quase
vazia a prateleira. "Os planos têm de cobrir tudo, nas três
modalidades: ambulatorial, hospitalar ou ambulatório-hospitalar. Só
temos estas três categorias e o que diferencia uma operadora da
outra é a rede de atendimento".
Cechin defende a flexibilização da legislação, que viabilizaria o
desenho de planos customizados para cada perfil de cliente. Ele já
encaminhou à ANS um estudo sobre o plano de saúde capitalizado, que
permitiria a cobertura dos gastos com saúde e a acumulação de
reservas para o segurado poder sacar na aposentadoria, época em que
a renda normalmente declina e os gastos com saúde se elevam.
"Este produto resolveria a questão da longevidade do brasileiro,
um nó que vai desafiar a Previdência Social em breve", diz
Cechin. Segundo ele, o estudo teve uma boa acolhida por parte da
ANS e está sendo analisado pela agência reguladora que pode
transformá-lo, com apoio das entidades do setor, em projeto de lei.
A abrangência do rol de procedimentos obrigatórios estabelecido
pela ANS também contribui para encarecer o produto, segundo Marco
Antunes, da SulAmérica. "Alguns itens poderiam ser contratáveis,
como planejamento familiar, diminuindo os custos."
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