Revolução dos dados é realidade e pode mudar tudo para seguradoras
Em fevereiro, a O2 (empresa de telefonia celular da Telefónica, uma das primeiras operadoras do Reino Unido a oferecer seguro automotivo) instalou pequenas máquinas em carros de clientes para monitorar os hábitos de direção das pessoas. Com isso, pode levar a prêmios mais baratos para os motoristas mais jovens.
Isso está gerando a especulação de que uma onda de empresas de tecnologia entrará no mercado para mudar toda a relação entre seguradoras e clientes.
Empresas de telefonia celular e de internet poderiam, por exemplo, utilizar a enorme quantidade de dados que possuem de seus clientes para vender seguro automotivo, evitando corretoras tradicionais e sites de comparação de preços.
A O2 entrou em um “mercado que sem dúvida é bastante competitivo”, disse Mark Evans, CEO da Telefónica. A empresa planeja usar a tecnologia “para identificar o comportamento do motorista e, portanto, incentivar pacotes muito atraentes para aqueles que dirigem com responsabilidade”. A Telefónica também fornece seguro automotivo na Espanha e oferece produtos no Reino Unido desde 2015.
Invasão
No último ano, o Google fracassou ao tentar entra no negócio de comparações de preços, mas analistas dizem que o gigante da web poderia tentar de novo. O Google não respondeu aos pedidos de comentário.
“Não há dúvida de que o Google descobrirá uma forma de retornar”, disse Christopher Ling, líder regional de prática de seguros da Capgemini para o Reino Unido e a Europa em Londres. “A O2 atualmente está estudando as possibilidades. Entre outras ideias está também a de usar os dados dos celulares para monitoramento doméstico e de saúde e ter o seguro associado a isso”.
As empresas de tecnologia já são uma parte crescente, embora limitada, do mercado global: 173 startups focadas em seguros receberam financiamento no ano passado, contra 122 em 2015, segundo a empresa de pesquisa de capital de risco CB Insights.
“A monetização dos dados dos celulares é uma proposta incrivelmente animadora”, disse Ling, da Capgemini. “Outras pessoas começarão a perceber o potencial disso, da mesma forma que o Google percebeu o potencial de monetização do tráfego na internet”.
E as seguradoras tradicionais?
O setor de seguros teme há tempos a chegada de empresas como Google, Amazon e Facebook, que têm uma relação mais próxima com os clientes e, acima de tudo, dados melhores sobre eles. A possível revolução do mercado aumenta a pressão sobre empresas tradicionais, que já têm investimentos prejudicados pela baixa recorde dos juros no Reino Unido.
Mas as seguradoras estão reagindo ao desafio. O CEO da Allianz, Oliver Bäte, prometeu tornar a maior seguradora da Europa “digital por padrão” para ajudar a aumentar a produtividade e reter clientes.
Thomas Buberl, da Axa, disse a investidores no ano passado que “os clientes estão exigindo o mesmo de nós e, como vocês podem imaginar, comprar uma apólice de seguro na Axa não é exatamente como comprar um livro na Amazon”.