Fundos recorrem à venda de provisões
técnicas para aumentar rentabilidade
A presença de fundos de private equity
no controle de seguradoras começa a preocupar o mercado europeu,
tendo em vista a prática de alienação de ativos que formam a
chamada provisão técnica. Em Portugal, o fundo Apollo, atual dono
da seguradora Tranquilidade, decidiu alienar mais de 80 imóveis em
Lisboa e Porto do portfólio da companhia ainda este mês.
Especialistas afirmam que este
comportamento confirma a natureza predadora dos fundos de “private
equity”, que compram participação em empresas na baixa de suas
ações para as venderem seus ativos muito acima do valor da
aquisição. No caso, a compra ocorrida há dois anos foi na casa de
50 milhões de euros e agora, com a venda de dezenas de prédios,
inclusive a sede na seguradora, poderá arrebanhar mais de 150
milhões de euros para o fundo. Após a alienação, a seguradora
passará a pagar aluguel pelos edifícios onde funcionem os seus
serviços.
Esta operação não é inédita no mercado
de Portugal. A Fosun, outro fundo de investimento, retirou mais de
2 bilhões de euros da Fidelidade para reforçar a sua participação
no capital da Alibaba, da Xingatao Assets, do Cirque du Soleil, do
Club Med, da Tom Tailor ou da Thomas Cook. Tais fundos, como a
Apollo Global Management ou a Fosun, não têm como objetivo tornar
mais sólidas as empresas de seguros que adquirem a preço mais
reduzido, reconhecem especialistas. Para eles, a compra de bancos e
seguradoras por fundos de investimento mira os ativos de maior
liquidez. A venda de ativos das seguradoras é condenada
publicamente pelos especialistas, porque tais bens não pertencem
aos acionistas, mas aos segurados.